Não houve feridos, mas quatro animas domésticos (um cachorro e três gatos) morreram no incêndio. Os barracos ficaram completamente destruídos, sobraram apenas pedaços de madeira queimados e sucatas de eletrodomésticos. Desesperados, os moradores tentaram apagar o fogo usando a água do manguezal, jogando baldes, mas as chamas só foram controladas com a chegada dos bombeiros.
Algumas pessoas da comunidade passaram mal ao ver as casas sendo destruídas pelas chamas. Outras, revoltadas, aos gritos reclamaram que a comunidade é esquecida pelos governantes. "Nasci aqui, minha mãe foi uma das primeiras moradoras. Até hoje, só ouvimos promessas dos governantes. Somos esquecidos. Há cinco anos prometeram tirar todo mundo, mas até agora não fizeram nada. O incêndio de hoje é culpa do descaso", afirmou o morador Alcidézio dos Santos, 49 anos. A casa de uma de suas filhas está bastante próxima do foco do incêndio e quase foi atingida. "Tive muito medo de perder minha filha e meu neto".
Amanda Luiz Messias, 27 anos, teve o seu barraco destruído pelo fogo. Ela vive na Comunidade do Caranguejo há cinco anos e estava com os três filhos em casa no momento do incêndio. "Eu estava colocando o café para os meus filhos; só tive tempo de salvar a vida deles, perdi tudo", lamenta Amanda, que aproveitou para reclamar do descaso do governo com a comunidade.
Josefa Felipe Alves, de 58 anos, quase teve a sua casa atingida. "Graças aos moradores e bombeiros, o fogo parou na minha porta. Se tivesse acontecido durante a madrugada, talvez não estivesse viva", afirmou. Ele mora no local há 30 anos, com cinco sobrinhos.
Após controlar as chamas, o Corpo de Bombeiros isolou a área atingida pelo incêndio. Técnicos da Defesa Civil estiveram no local para cadastrar as famílias desabrigadas. De acordo com o primeiro levantamento, que ainda será analisado, 26 barracos foram destruídos, porém o número de famílias pode ser maior, já que algumas palafitas abrigavam mais de uma família.
Após a conclusão do cadastro, a Prefeitura fará o atendimento emergencial. Cestas básicas e colchões serão distribuídos. Algumas pessoas deverão ser encaminhadas para abrigos, mas os locais ainda não foram divulgados pelo PCR.
Do NE10/Foto: Gugga Matos