Cargas paradas geram prejuízos


Por André Clemente


A greve na Refinaria Abreu e Li­ma (Rnest), no Complexo de Sua­pe, começou no primeiro dia de agosto e, já no dia seguin­te, no estacionamento da Rnest, começava a saga de Lauro Pedrosa, profissional autônomo que chegava com seu caminhão carregado de madeira pa­ra efetuar uma entrega no lo­cal. Até a última terça-feira (21), sem sucesso. A gre­ve na unidade e na Petroquí­micaSuape dá sinais de ter sido finalizada com a retomada dos trabalhos desde a última segun­da-feira (20). Isso dá esperança para Pedrosa e mais de dez caminhoneiros que não conseguiram concluir entregas de cargas e fazem do pátio da Rnest um alojamento provisório.

“Cheguei de Minas Gerais há 18 dias carregando mais de 20 toneladas de madeira para andaime no valor de mais de R$ 40 mil. Não consigo voltar sem entregar a mercadoria. Estou per­dendo novos contratos, no­vas entregas, além dessa situa­ção completamente triste em que me encontro. Estou aqui desde o dia 2, sem ter retorno do pagamento das diárias de contrato e sem receber qualquer ajuda para estada da empresa”, descreveu.

“Não tenho onde ficar, dur­mo no caminhão, tomando banho no chuveiro da obra, que só é li­be­rado para uso a partir das 20h30. Até me mandaram entrar com a mercadoria, mas não pos­so liberar a carga sem rece­ber as diárias. O cálculo do va­lor a ser recebido já está em R$ 11,6 mil, com base na diária de R$ 648. Eu quero fazer um acordo e a esperança é que a situa­ção seja solucionada com a reto­mada das atividades na Rnest”, complementou Pedrosa.

Já Juliano Fernandes trouxe 32 toneladas de bobinas de fios de cobre. “São R$ 720 mil em mercadorias que não podem ficar expostos. Estou dormindo aqui desde sexta. Estou aqui como cachorro, usando o banheiro da portaria, que só é liberado às 22h. Fico gastando sem receber diária (R$ 550) nem a menor estrutura para me instalar decentemente, além de perder outros serviços por estar aqui parado. Sou casado, tenho dois filhos me esperando (no Rio Grande do Sul)”, desabafou. “Fora todo o desgaste de estar aqui, ficamos expostos a um pessoal revoltado, que já colocou fogo em ônibus e que pode colocar todo o produto a perder”, complementou.

O caminhão de Valdemar Mo­reira é outro exemplo. “Viemos em dois carros (caminhões), cada um com um resfriador de água. Cada aparelho cus­ta R$ 666 mil. Chegamos on­tem (segunda), não conseguiram nos atender. Ficou para ho­je (ontem) e estamos esperan­do”, disse o motorista Valdemar Moreira, na manhã desta terça-feira (21). “São 14 toneladas de um produ­to que é encomenda da Petrobras. Não dá para voltar para São Paulo (origem da carga)”, com­plementou. A Petrobras afir­mou que até a próxima sex­ta-feira todos os processos devem ser finalizados. Já o con­sórcio Alu­sa/CBM, responsável pela carga de madeira, não se posicionou.

Foto: Hesíodo Góes

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