Policiais civis cumprem promessa e radicalizam


Por Luiz Filipe Freire


Quem procurou atendimento ontem em várias delegacias da Região Metropolitana do Recife (RMR) não saiu satisfeito. Conforme o prometido, policiais civis em greve intensificaram a paralisação, suspendendo o regime de plantões em várias unidades, que só funcionaram das 8h às 18h. Apenas as delegacias de Prazeres, Olinda e Várzea mantêm o atendimento à sociedade durante 24 horas.

A recomendação do sindicato que representa a categoria foi de que apenas flagrantes e ocorrências essenciais fossem atendidos. Boletins de Ocorrências de furtos e roubos, por sua vez, só podem ser feitos por meio da Delegacia Interativa (www. policiacivil.pe.gov.br). Foi o caso de um cobrador de ônibus não identificado, que buscou registrar, sem êxito, uma queixa de furto na Delegacia de Casa Amarela, na manhã de ontem. “Fui informado de que não estão recebendo nenhuma ocorrência”, lamentou.

Em outras delegacias, como a do Cordeiro, também não houve registros de queixas. No Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), na Gerência de Polícia da Criança e do Adolescente (GPCA) e nos institutos de Medicina Legal (IML) e de Criminalística (IC), entretanto, houve expediente normal.

De acordo com o presidente do Sindicato dos Policiais Civis do Estado de Pernambuco (Sinpol-PE), Cláudio Marinho, o dia de ontem foi de reforço dos avisos so­bre os rumos do movimento. “Apesar de termos dado início à paralisação mais intensa à meia-noite, ainda houve plantões em algumas delegacias. Mas estamos prevendo que, a partir das 8h de amanhã (hoje), a radicalização aconteça como prometido”, avisou. A categoria deve se reunir em passeata na semana que vem.

Em greve desde a última segunda-feira, os policiais civis resolveram radicalizar o movimento como forma de retaliação ao Governo do Estado, que conseguiu, já no primeiro dia do movimento, o decreto da ilegalidade da greve. A ação do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) impôs uma multa de R$ 20 mil por dia descumprido ao Sinpol-PE, que agora pretende recorrer junto ao Supremo Tribunal Federal (STF). Os grevistas reivindicam reajuste salarial de 65%, gratificações por horas-extras, adicionais noturnos e vale-refeição, além de melhorias nos locais de trabalho e dos equipamentos de segurança.

Por meio de nota, a assessoria de Imprensa da Polícia Civil informou que vai assegurar o atendimento nas delegacias especializadas e em todas as unidades plantonistas. A chefia da instituição reforçou, ainda, que as faltas dos servidores serão descontadas nos vencimentos deste mês, a serem pagos no dia 7 de agosto. Até ontem, 405 policiais civis tiveram seus nomes informados à Secretaria de Administração (SAD) para descontos nos contracheques.

Foto: Wagner Ramos

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