Juíza revega prisão de taxista acusado de estuprar portadora de Síndrome de Down

Por Wagner Santos

Depois de quase um mês preso, o taxista Erivaldo Lisboa Ferreira, de 53 anos, teve a prisão temporária revogada na última quinta-feira, e foi solto no dia seguinte. Sobre ele, ainda pesa a acusação de ter estuprado uma portadora de síndrome de Down, com idade men­tal correspondente a 5 anos. De acordo com o seu advogado, Marconi Dias, foram apresentadas contraprovas que inocentam o taxista, além de um abaixo-assinado com 1.600 assinaturas, de moradores amigos e conhecidos do condomínio onde ele mora. “Erivaldo passou 24 dias preso, era uma temporada de trinta dias, mas a juíza revogou a prisão dele antes do término, visto que foram apresentadas as contraprovas, e ela, ao analisá-las, entendeu que não havia motivação alguma para ele continuar detido”, destacou o advogado.

Segundo o advogado, o laudo do Instituto de Medicina Legal (IML) contraria o depoimento dado pela menina. “Esse laudo mostrou que o rompimento do hímen dela é antigo e que  nunca havia tido relação anal, como disse no depoimento. Sobre o motel, do qual ela falou ter ido com ele, e sobre ela ter faltado a aula, após sua prisão, fomos atrás das provas e mostramos que ela não faltou a aula, assim como nos moteis que ela citou não havia entrada do carro dele, bem como os porteiros foram todos ouvidos, e ninguém conhecia ele”, defendeu o advogado.

No condomínio onde ele mora, muitas pessoas disseram acreditar em sua inocência. Entre elas, a atendente Gabriela Karina, 25. Ela contou que há dois anos, ele leva a sua filha de 6 anos para a escola. “Ele sempre levou minha filha para a escola, junto com o filho dele, e mesmo quando o filho não ia, ela ia sozinha. Sempre agiu com respeito. Tenho certeza que é uma grande mentira”.

Em entrevista concedida à Folha de Pernambuco, o taxista disse que teve problemas com a mãe da suposta vítima porque ela é usuária de maconha e fumava a droga dentro de casa. “Como tenho um filho com leucemia, pedi para que ela não fizesse isso em respeito a ele, mas ela me respondeu: ‘quem manda na minha casa sou eu’. Em maio, ela disse que eu não iria mais transportar a filha dela. No dia 9 de junho, ela falou com uma senhora chamada Babi e essa Babi disse para a minha ex-esposa que eu havia levado a menina para um motel”, contou ele.

Ainda segundo ele, assim que soube disso, prestou uma queixa contra ela na Delegacia de Casa Amarela, mas nada foi resolvido. “Ela continuou me agredindo, arranhava meu carro, me chamava de monstro, colava papel na minha grade. E para piorar, ela começou a dizer que a menina estava grávida de três meses de mim. Então eu voltei na delegacia e prestei outra queixa, e me mandaram aguardar. Quando foi no dia 28 de setembro, vieram três policiais e disseram que eu estava preso”, relatou ele.

De acordo com a juíza Maria Segunda, da 1ª Vara Criminal da Comarca de Olinda, a prisão dele foi revogada a pedido do próprio delegado Gilmar Rodrigues, responsável pelas investigações. Segundo ela, o delegado informou que tudo leva a crer que essa foi uma história inventada pela suposta vítima de estupro. Ainda de acordo com a juíza, o delegado afirmou que surgiram dúvidas sobre os fatos narrados. Ela ressaltou que caso seja comprovado que não houve estupro, o delegado pedirá que o inquérito seja arquivado. A reportagem tentou contato com o policial, sem sucesso.

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