Do Blog de Jamildo
A culpa não foi nem do Baile Municipal, mas um episódio constrangedor marcou o início da festa que abre o Carnaval do Recife, no Chevrolet Hall, neste sábado (25). Quando foi chamado pelas apresentadoras Bianka Carvalho e Graça Araújo, o prefeito do Recife, João da Costa, e sua mulher, a primeira-dama Marília Bezerra, foram vaiados por uma parte do público que acompanhava os desfiles de fantasias e concurso de rei e rainha do Carnaval. Com recorde de público, cerca de 15 mil pessoas compareceram ao lugar.
O prefeito se mostrou altivo perante às vaias e abriu oficialmente a folia na cidade. Disse que o sucesso da venda de ingressos rendeu um arrecadamento de R$ 500 mil, que serão revertidos para o trabalho social do Maestro Spok, que ensina crianças carentes a tocar o frevo. Sua mulher, organizadora do evento, disse que espera um lugar ainda maior para realizar o baile, e chegou a apelar aos sócios do Chevrolet Hall para que criem um espaço ainda maior, com capacidade para 30 mil pessoas, o dobro do atual. Neste momento, o casal foi aplaudido, numa aparente disputa entre desgostosos com o atual governo e seus admiradores.
O episódio aconteceu num intervalo da apresentação dos vencedores da fantasia mais luxuosa, que foi vencida por Sandro Moreira, com a produção Oráculo do Dragão. É a terceira vez que o carnavalesco vence nesta categoria. "Vai virar hours concours, viu?", disse Graça quando ele saía do palco. Na disputa pelo rei e rainha, venceu a garota com a maior torcida, Mayra Menezes. Ela foi acompanhada por Ivan Menezes, o rei da noite.
Na tradicional rotina desse tipo de desfile, conhecido por todos, uma novidade interessante este ano, com a apresentação ao vivo de DJ Sardinha e músicos do Maestro Spok para entrada dos candidatos. Os homens se vestiram de marinheiros e as mulheres de guerreiras, elementos presentes no trabalho de uma das homenageadas deste ano, a artista plástica Teresa da Costa Rêgo. Nesse tipo de concurso, as respostas batidas para "ator e atriz preferida" e as indefectíveis respostas: "Fernanda Montenegro e Antônio Fagundes" são tão comuns que fariam falta se um sopro de renovação mudasse tudo. Um candidato a rei arriscou revelar seu gosto por filmes coreanos, mas foi peça rara. A força da tradição, num baile prestes a completar 40 anos como o Municipal, é o que garante sua beleza.
O público que já lotava o Chevrolet Hall antes das 21h capricharam na fantasia e participaram de um concurso paralelo, o Click Fantasia, realizado na área externa da casa. A fila estava grande e muitos acabaram fora da competição. O nível de sofisticação estava alto este ano, com produções originais e custosas, como foi o caso do homem vestido de Transformer, que chegou a simular a transformação de carro para robô. Ou os personagens de Star Wars, vencedores do ano passado, que desta vez trouxeram a colega Tempestade, dos X-Men. Quem levou o prêmio foi o casal de Avatar, ainda que tenha perdido o gancho da novidade, capricharam bastante na customização dos aliens.
Os shows deste ano apostaram no frevo mais tradicional, começando com a condução do Maestro Duda, outro homenageado do Carnaval. Mas, a grande estrela foi mesmo Ivete Sangalo, musa do axé e uma das maiores estrelas pop no País hoje. Para aplacar a polêmica de sua presença num baile tão tradicional, seu show foi ao lado da paraibana Elba Ramalho, velha conhecida do Municipal (foi o destaque da edição anterior). Elas fizeram dueto e dividiram os grandes sucessos do palco.
Reportagem: Paulo Floro, do JC Online