Olhar Inocente

Por Adriano Oliveira

Na prática política não cabem inocentes. A inocência advém da miopia. Por vezes, a paixão por um ator político ou a ojeriza a este faz com que a inocência predomine na análise do jogo político. Ocorre ainda que muitos atores, apesar de acreditarem que são sábios, não conseguem interpretar as circunstâncias políticas e nem prevêem o que poderá ocorrer.

A interpretação do comportamento dos atores e a construção de cenários requerem informações, as quais advêm de pesquisas, conversas informais e notícias da imprensa. Mas, ressalto: não basta apenas ter a informação, é preciso saber interpretá-la e fazer bom uso dela. Informações permitem, por exemplo, a construção de cenários.

São inocentes os atores políticos que acreditam pifiamente que o governador Eduardo Campos trabalha apenas com um cenário para 2014. O governador de Pernambuco vislumbra três cenários para 2014. Eduardo pretende estar muito bem posicionado em qualquer um que ocorra.

O primeiro cenário que Eduardo vislumbra é a manutenção da aliança com o PT. Neste caso, a aposta é que Dilma construirá condições para disputar a reeleição como favorita. Caso isto ocorra, o PSB poderá ocupar a vice-presidência na chapa de Dilma. É possível, porém considero remota, o retorno de Lula. E com isto, surgir a chapa Lula-Eduardo.

Noutro cenário, o PSB vislumbra aliança com o PSDB. Ou melhor, com Aécio Neves. Para isto ocorrer, basta que Aécio supere as dificuldades internas no seu partido e que Dilma não adquira favoritismo em 2014. Deste modo, Eduardo Campos passa a ser uma alternativa para compor a chapa com Aécio. Esta chapa poderá fazer com que surja a onda “os novos quadros da política brasileira”.

O terceiro cenário, o qual, por enquanto, é remoto, é a candidatura presidencial de Eduardo Campos. Para isto ocorrer, é necessário que o PSB agregue outros partidos em sua chapa, além de que os outros dois cenários anteriormente mostrados, não se consolidem. Ressalto, portanto, que os cenários apresentados não podem existir concomitantemente.

Um ponto factível neste instante é que o PSB, em virtude do seu crescimento eleitoral na última eleição, surge como uma quarta força na política nacional. Caso novos quadros se filiem ao partido, como, por exemplo, Gilberto Kassab, o PSB adquire musculatura para obter sucesso nos três cenários sugeridos.

Prevejo que na eleição presidencial de 2014, quatro partidos representarão a força centrípeta da eleição, quais sejam: PT, PMDB, PSDB e PSB. Isto significa que estes partidos terão poder para construir alianças partidárias e apresentar candidatos à presidente da República.

PS: Este Adriano Oliveira é o cientista político e Coordenador do Núcleo de Estudos de Estratégias e Política Eleitoral (UFPE), não confundir comigo, editor do Blog.

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