
Munido com um discurso de 14 páginas, o senador e candidato à reeleição pela coligação Pernambuco Pode Mais, Marco Maciel (DEM), foi à tribuna do Senado, ontem, repudiar as críticas do presidente Lula (PT) endereçadas a ele, em comício realizado sexta-feira passada, na praça do Marco Zero. Mesmo sem usar do mesmo tom ácido do qual foi alvo, o democrata mandou duro recado ao petista em forma de prestação de contas. Maciel asseverou ter liberado três vezes mais verba para Pernambuco enquanto vice-presidente da República, durante as gestões de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), do que a atual administração federal.
Com base em dados do Siafi, referente ao orçamento fiscal e de seguridade, o senador garantiu terem sido liberados ao Estado, com a sua participação, R$ 3,824 bilhões em valores atualizados. “A título de ilustração, no atual governo, foram liberados somente 15,34%, num montante de R$ 1,170 bilhão, corrigido pelos mesmos indicadores”, comparou o democrata.
Acusado pelo petista de manter-se no cargo “desde o tempo do Império” e de não ter feito nada pelo Estado em todo esse tempo, durante aquele ato eleitoral, Maciel, ao seu modo, respondeu com números. Não abriu mão de conferir importância a valores como “convições”, “divergências” e “modernas definições de democracia”. E foi por meio de uma fala de Tancredo Neves - primeiro presidente do Brasil eleito após a ditadura, pelo Colégio Eleitoral, para conduzir o processo de redemocratização, em 1985 - que Marco Maciel alfinetou novamente o presidente Lula. “Lembro, para finalizar, o presidente Tancredo Neves, que disse certa feita: o orgulhoso e o ressentido podem fazer de tudo na vida, menos política”, arrematou. Na extensa exposição, relatou contribuições suas ao Estado, desde o processo de redemocratização, passando por sua atuação à frente dos cargos de governador, senador e vice-presidente da República.
PROJETOS
Como governador do Estado, Maciel recordou ter realizado obras em todos os 184 municípios. Entre outros feitos: implantação o Procon (Sistema Estadual de Proteção ao Consumidor), pavimentação de 2.316 quilômetros de rodovias, construção de 411 escolas, início efetivo do Complexo Industrial Portuário de Suape e conclusão de 70% das obras do Centro de Convenções.
Como senador, frisou projetos para os quais viabilizou recursos. Da lista, alguns dos exemplos: o gasoduto Pilar-Cabo; Polo Gesseiro do Araripe; Erradicação do Trabalho Infantil; Porto de Suape - com obras de derrocamento, abertura do canal interior, construção de terminais internos e infraestrutura -; Univasf, expansão do Metrô do Recife e trechos das BRs- 408, 101 Sul, 232 e 363.
Marco Maciel tornou-se mira dos governistas, porque configuraria, segundo apontam pesquisas de intenção de voto, a única ameaça à eleição de um dos candidatos ao Senado da Frente Popular de Pernambuco. Na última pesquisa do Ibope, ele aparece em segundo lugar, com 37%, atrás de Humberto Costa (PT), que apareceu com 47%. Armando Monteiro Neto (PTB) ficou com 28% e Raul Jungmann (PPS), 10%.