Eles ainda usam disquetes


(Por Geison Macedo) - Quando os floppies disc se tornaram imprescindíveis para o funcionamento do computador e para o transporte de dados importantes, eles apresentavam um grau de confiabilidade quase zero. Quem nunca teve um disquete que parou de funcionar? O máximo de cautela nunca foi suficiente para evitar que o pior acontecesse como, por exemplo, o sumiço dos dados sem qualquer motivo aparente. Porém, apesar dos transtornos, acreditem, o floppy disc ainda continua sendo essencial na vida de muita gente.

Como para o analista de sistemas, Silas Barboza, 44 anos, que ainda depende dos discos flexíveis para executar tarefas no trabalho. “Preciso do disquete para realizar backups e copiar licenças de softwares em máquinas antigas. Como os computadores mais novos aqui do trabalho não possuem leitores de disquetes precisamos recorrer aos PCs velhos para poder fazer a cópia dos arquivos”, explica Silas, que é chefe do departamento de informática do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea-PE).

O músico Ighor Dimas, 23 anos, depende diretamente do disquete. Ele utiliza o dispositivo para executar no seu teclado arquivos do tipo MIDI - formato de áudio simples utilizado na execução de uma composição musical. “Eu baixo os arquivos na internet, copio para o disquete e insiro no leitor do dispositivo no teclado. O áudio que armazenei no disco serve como a base da música, uma espécie de playback, que utilizo nos shows”, afirma o músico, que mora no município de São Vicente Ferrér. E, por falar em show, pelo menos um, ele quer apagar da lembrança.

“Uma vez fui tocar num casamento e, na hora da noiva entrar, comecei a ouvir um barulho estranho vindo do teclado. Pouco depois, o disquete e a música pararam de funcionar. Fiquei desesperado na hora. Retirei o disco da unidade de leitura e vi que ele estava quebrado. Nem o reserva funcionou. O jeito foi fazer ao vivo mesmo, sem a ajuda do MIDI”, relembra Dimas, que agora leva para as apresentações nada menos do que cinco cópias de segurança e não mais duas. “A dificuldade que eu tenho agora é de encontrar uma caixa de disquete nas lojas. Não está fácil”, diz Ighor que pretende comprar um teclado com entrada USB para acabar com o problema.

Enquanto uns ainda necessitam do disquete, a maioria não quer nem ouvir falar no dispositivo. “Já tive que viajar mais de 100 quilômetros uma vez por causa de um erro na instalação do Visual C, no 28º disco, de um total de 30”, conta o engenheiro Henrique Forasti, que ainda guarda algumas unidades na sua “mala de ferramentas”. “Perdi vários disquetes por ter deixado eles próximo a equipamentos que emitem campos eletromagnéticos como a geladeira ou a televisão. Era irritante isso”, explica. Se os disquetes não são mais úteis para Forasti, os leitores ainda são. “Às vezes eu pego o motor do drive do disquete para colocar nos robôs”, brinca o engenheiro, que também trabalha com a montagem de robôs.

Postado por Gabriel Diniz

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