
O último boletim da Secretaria de Vigilância de Saúde, do Ministério da Saúde, revelou que 93,9% das infecções do vírus da Aids em crianças menores de cinco anos foram através da transmissão vertical - isto é, durante a gestação, o parto ou o aleitamento materno. O dado mostra a distância do Brasil em alcançar a expectativa do Fundo Global de Luta Contra a Aids, a Tuberculose e a Malária que anunciou, em abril, a possibilidade de erradicação virtual (índice inferior a 1%) desse tipo de contaminação até 2015. Em Pernambuco, de 1987 até 2009, foram notificados 339 casos de soropositivos com idade abaixo de 13 anos, desses, 96% são por transmissão vertical.
Outro dado a destacar, levantado pelo Fundo Global, é o de que 40% das grávidas atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) não fazem o teste para detectar o vírus HIV. Desde 2002, através do projeto federal Nascer, as unidades do SUS devem oferecer durante o pré-natal da gestante o exame do HIV e, na hora do parto, aplicar o teste rápido. No Recife, de acordo com a diretora de Atenção à Saúde da Mulher, Benita Spinelli, o teste é oferecido em toda a rede do PSF e nas três maternidades do município. Em 2009, todas as 10.851 gestantes atendidas pelas três unidades se submeteram ao exame. “Já está consolidado, pois é rotina na prática da assistência no pré-natal, em consonância com a política nacional. Não há nenhuma estatística de uma mulher que se nega”, garantiu Benita.
Existem duas formas de impedir a transmissão vertical: através do exame durante o pré-natal e da introdução da terapia antiretroviral (medicamentos como o AZT que diminui a carga viral do infectado) via parental, ou seja, na veia, no momento do parto. “Todos têm que estar envolvidos com essa questão. Além da mulher, o companheiro também deve fazer o exame. Um dos elementos da política federal é o aconselhamento. Orientar as pessoas e explicar o porquê de fazer esse exame são fundamentais. Muitas vezes, o médico oferece a prática sem dar muita atenção para isso”.
Por Carolina Albuquerque