ABSURDO: FILHO DE JENNIFER VIU A MÃE SER MORTA


“Pow, pow, pow”. Foi isto o que disse, inclusive por meio de desenhos, na última segunda-feira à tarde, na Vara da Infância e Juventude, acompanhado por uma psicóloga, o garoto de dois anos filho da turista alemã Jennifer Marion Nadja Kloker , de 22 anos, morta na noite da Terça-Feira de Carnaval, às margens da BR-408, em São Lourenço da Mata, Região Metropolitana do Recife (RMR). O menino, que leva o nome do avô postiço Ferdinando, relatou ter visto a mãe ser agredida e, em seguida, assassinada em sua frente.

Tendo em vista que o garoto não deixou a companhia dos próprios familiares nem teria sido levado pelos supostos assaltantes, estaria ele na cena do crime com os avós e o pai, desmentindo a versão apresentada até o momento pela família à Polícia Civil.

A preciosa e chocante informação foi obtida na sala de depoimento sem danos do Centro Integrado da Criança e do Adolescente (CICA), no bairro da Boa Vista, em meio a dificuldade para estabelecer uma conversa com a criança, por causa de sua pouca idade.

O laudo técnico feito por um profissional da Unidade de Apoio Técnico da Gerência de Proteção à Criança e ao Adolescente (GPCA), contudo, ainda não foi entregue oficialmente à Polícia Civil (PC) de Pernambuco. Mas, com esse testemunho da criança, a prisão de Pablo Richardson Tonneli, de 22 anos, e Ferdinando Tonneli, de 44 anos, homem com quem Jennifer tinha relação há cinco anos e o padrasto, respectivamente, ganha ainda mais embasamento. As revelações do menino reforçam também a declaração do soldado, que a Folha descobriu fazer parte do 20º Batalhão de Polícia Militar (BPM).

Anteontem, ele conversou com os investigadores da Polícia Civil à frente do caso e informou que, ao passar em seu carro pela BR-408 na noite dia 16 de fevereiro, mesmo em considerável velocidade e com a pouca claridade noturna, conseguiria ter visto de costas dois homens, um mais alto e outro mais baixo, de fisionomias semelhantes aos dois suspeitos já presos no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), no bairro da Imbiribeira, no Recife.

Uma possibilidade considerada pela polícia é de que Ferdinando Tonneli teria dado um golpe pelas costas da alemã, tendo sido ela atingida pelo disparo de arma de fogo efetuado por Pablo Tonneli; em seguida, sem a certeza da morte de Jennifer, o sogro teria terminado de efetuar os quatro tiros no peito da vítima. Há duas motivações para o assassinato: briga pela guarda do filho do casal Pablo e Jennifer ou interesse na indenização de uma apólice de seguro de vida feito na Itália. Esta última possibilidade estaria sendo o alvo das investigações policiais. Em depoimento, o próprio empresário Ferdinando teria dito à polícia que foi ele mesmo quem o fez para Jennifer, no final do ano passado, sendo também ele o beneficiário, mas a quantia ainda é apenas uma especulação; oficialmente, não há um valor preciso do documento.

O sogro da turista alemã, que vinha com frequência ao Estado visitar os parentes da companheira, é empresário do ramo da construção civil, mas, estaria falido desde 2008. Contudo, a polícia pernambucana já teria levantado um possível envolvimento com tráficos de drogas e internacional de mulheres. Policiais civis que atuam na área em que Pablo se hospedava quando visitava o Recife afirmaram que ele seria usuário de crack, tendo também levado a esposa ao consumo do entorpecente. Boatos dão conta, ainda, de que Ferdinando possuiria envolvimento homossexual com o próprio enteado, que nos registros da Secretaria de Defesa Social chama-se Pablo Richardson Freire Lins, nada constando em sua ficha criminal.

Por Isabella Fabrício, Júlia Veras Priscilla Aguiar e Sílvia Leitão (Folha PE)

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