Tendo em vista que o garoto não deixou a companhia dos próprios familiares nem teria sido levado pelos supostos assaltantes, estaria ele na cena do crime com os avós e o pai, desmentindo a versão apresentada até o momento pela família à Polícia Civil.
A preciosa e chocante informação foi obtida na sala de depoimento sem danos do Centro Integrado da Criança e do Adolescente (CICA), no bairro da Boa Vista, em meio a dificuldade para estabelecer uma conversa com a criança, por causa de sua pouca idade.
O laudo técnico feito por um profissional da Unidade de Apoio Técnico da Gerência de Proteção à Criança e ao Adolescente (GPCA), contudo, ainda não foi entregue oficialmente à Polícia Civil (PC) de Pernambuco. Mas, com esse testemunho da criança, a prisão de Pablo Richardson Tonneli, de 22 anos, e Ferdinando Tonneli, de 44 anos, homem com quem Jennifer tinha relação há cinco anos e o padrasto, respectivamente, ganha ainda mais embasamento. As revelações do menino reforçam também a declaração do soldado, que a Folha descobriu fazer parte do 20º Batalhão de Polícia Militar (BPM).
Anteontem, ele conversou com os investigadores da Polícia Civil à frente do caso e informou que, ao passar em seu carro pela BR-408 na noite dia 16 de fevereiro, mesmo em considerável velocidade e com a pouca claridade noturna, conseguiria ter visto de costas dois homens, um mais alto e outro mais baixo, de fisionomias semelhantes aos dois suspeitos já presos no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), no bairro da Imbiribeira, no Recife.
Uma possibilidade considerada pela polícia é de que Ferdinando Tonneli teria dado um golpe pelas costas da alemã, tendo sido ela atingida pelo disparo de arma de fogo efetuado por Pablo Tonneli; em seguida, sem a certeza da morte de Jennifer, o sogro teria terminado de efetuar os quatro tiros no peito da vítima. Há duas motivações para o assassinato: briga pela guarda do filho do casal Pablo e Jennifer ou interesse na indenização de uma apólice de seguro de vida feito na Itália. Esta última possibilidade estaria sendo o alvo das investigações policiais. Em depoimento, o próprio empresário Ferdinando teria dito à polícia que foi ele mesmo quem o fez para Jennifer, no final do ano passado, sendo também ele o beneficiário, mas a quantia ainda é apenas uma especulação; oficialmente, não há um valor preciso do documento.
Por Isabella Fabrício, Júlia Veras Priscilla Aguiar e Sílvia Leitão (Folha PE)