
Um país devastado. Sem ideia de como recomeçar, de como socorrer os feridos ou velar seus mortos. Entre conhecidos e anônimos (muitos, milhares), o drama de três pernambucanos. Homens que estavam na ilha em missão de paz e que vivenciaram cenas comuns às piores guerras.
São histórias parecidas de quem se propôs ajudar, com desfechos diferentes. Um deles não resistiu ao terremoto de 7 graus na escala Richter, outro não manda notícias desde a tragédia, enquanto o terceiro já avisou: "estou bem e vivo".
As más notícias que vêm da ilha somam-se a dores de quem perdeu um ente querido, como a família de Davi Ramos de Lima, 37 anos, sargento do 5º Batalhão de Infantaria Leve de Lorena, morto no terremoto da última terça-feira. Davi nasceu em Garanhuns, no Agreste do estado, cresceu em João Pessoa, na Paraíba, e construiu a trajetória militar em Minas Gerais e São Paulo desde 1995. Era um homem de várias terras e inúmeros sonhos.
"Ele estava lá há seis meses, ia voltar ao Brasil e nós íamos visitá-lo no próximo sábado, fazer uma festa grande para recepcioná-lo. Agora, vamos a São Paulo no final de semana por outro motivo, infelizmente", contou o irmão e empresário Ari Lima, 40 anos. Ele falou com o Diario por telefone, da Paraíba, onde parte da família do sargento mora desde 1988. Ari disse não saber exatamente em que local o irmão estava quando faleceu, mas imagina, pelas cenas que viu na TV, um cenário de caos. "Davi era muito otimista, via algo positivo mesmo vivendo longe e sempre falava da experiência humanitária que passava. É por isso que estamos tristes, mas sentimos orgulho dele", acrescentou Ari. O sargento deixou esposa e três filhos, de 4 meses, 7 e 14 anos.
Segundo o pai, Amaro Augusto, 67 anos, o sofrimento só não é maior porque ele enxerga o filho como um herói. Entende que Davi morreu por uma causa, como fazem os idealistas. Afinal, a ida para o Haiti no ano passado foi uma escolha, não uma ordem militar. "Ele sempre sonhou em ser militar desde menino", disse Amaro, lembrando que, antes de entrar no Exército, o filho cursou edificações e se formou em administração de empresas.
O pai do sargento Davi Lima revelou o desejo da família de velar e enterrar o corpo em João Pessoa, mas afirma que vai respeitar a decisão da esposa do militar, que reside em Lorena: "Estamos negociando onde vai ser feito o enterro. Manifestamos o nosso desejo de trazer o corpo para a Paraíba para ser enterrado junto com a mãe falecida, mas sabemos que essa decisão é da esposa de Davi e vamos respeitar", disse.
Falta de respostas - Se há pelo menos um conforto entre os que perderam familiares, como conta o pai de Davi, o mesmo não se pode dizer de quem não recebe nenhuma notícia. Até o fechamento desta edição, às 21h17, o sargento Rodrigo Queiroz Vasconcelos, de 27 anos e integrante do 28º Batalhão de Infantarias Leves de Campina, estava sem mandar qualquer notícia para a família, que mora no Rosarinho, Zona Norte do Recife.
Pai do sargento Vasconcelos, Luiz Fernando Vasconcelos (de idade nãorevelada), estava inconsolável no início da noite de ontem. "O que me conforta é que as linhas telefônicas estão com problema, por isso imagino que ele não entrou em contato. Mas eu preciso saber de notícias do meu filho, porque um amigo dele apareceu entre os feridos nos escombros. Chama-se Danilo do Nascimento de Oliveira, também do 28º Batalhão. Quem conseguir conversar com ele, por favor nos procure", pediu o pai, bastante nervoso. Luiz Fernando ressaltou que o filho estava no Haiti desde julho e voltaria para casa ainda este mês. "Ligamos várias vezes para o Itamaraty e ninguém nos deu notícias", declarou.
Por Aline Moura
As más notícias que vêm da ilha somam-se a dores de quem perdeu um ente querido, como a família de Davi Ramos de Lima, 37 anos, sargento do 5º Batalhão de Infantaria Leve de Lorena, morto no terremoto da última terça-feira. Davi nasceu em Garanhuns, no Agreste do estado, cresceu em João Pessoa, na Paraíba, e construiu a trajetória militar em Minas Gerais e São Paulo desde 1995. Era um homem de várias terras e inúmeros sonhos.
"Ele estava lá há seis meses, ia voltar ao Brasil e nós íamos visitá-lo no próximo sábado, fazer uma festa grande para recepcioná-lo. Agora, vamos a São Paulo no final de semana por outro motivo, infelizmente", contou o irmão e empresário Ari Lima, 40 anos. Ele falou com o Diario por telefone, da Paraíba, onde parte da família do sargento mora desde 1988. Ari disse não saber exatamente em que local o irmão estava quando faleceu, mas imagina, pelas cenas que viu na TV, um cenário de caos. "Davi era muito otimista, via algo positivo mesmo vivendo longe e sempre falava da experiência humanitária que passava. É por isso que estamos tristes, mas sentimos orgulho dele", acrescentou Ari. O sargento deixou esposa e três filhos, de 4 meses, 7 e 14 anos.
Segundo o pai, Amaro Augusto, 67 anos, o sofrimento só não é maior porque ele enxerga o filho como um herói. Entende que Davi morreu por uma causa, como fazem os idealistas. Afinal, a ida para o Haiti no ano passado foi uma escolha, não uma ordem militar. "Ele sempre sonhou em ser militar desde menino", disse Amaro, lembrando que, antes de entrar no Exército, o filho cursou edificações e se formou em administração de empresas.
O pai do sargento Davi Lima revelou o desejo da família de velar e enterrar o corpo em João Pessoa, mas afirma que vai respeitar a decisão da esposa do militar, que reside em Lorena: "Estamos negociando onde vai ser feito o enterro. Manifestamos o nosso desejo de trazer o corpo para a Paraíba para ser enterrado junto com a mãe falecida, mas sabemos que essa decisão é da esposa de Davi e vamos respeitar", disse.
Falta de respostas - Se há pelo menos um conforto entre os que perderam familiares, como conta o pai de Davi, o mesmo não se pode dizer de quem não recebe nenhuma notícia. Até o fechamento desta edição, às 21h17, o sargento Rodrigo Queiroz Vasconcelos, de 27 anos e integrante do 28º Batalhão de Infantarias Leves de Campina, estava sem mandar qualquer notícia para a família, que mora no Rosarinho, Zona Norte do Recife.
Pai do sargento Vasconcelos, Luiz Fernando Vasconcelos (de idade nãorevelada), estava inconsolável no início da noite de ontem. "O que me conforta é que as linhas telefônicas estão com problema, por isso imagino que ele não entrou em contato. Mas eu preciso saber de notícias do meu filho, porque um amigo dele apareceu entre os feridos nos escombros. Chama-se Danilo do Nascimento de Oliveira, também do 28º Batalhão. Quem conseguir conversar com ele, por favor nos procure", pediu o pai, bastante nervoso. Luiz Fernando ressaltou que o filho estava no Haiti desde julho e voltaria para casa ainda este mês. "Ligamos várias vezes para o Itamaraty e ninguém nos deu notícias", declarou.
Por Aline Moura