Um estudo finlandês que demorou quase 4 décadas para ser realizado mostrou que pessoas que tendem a ficar acordados até mais tarde têm maior probabilidade de morrer em uma idade mais jovem do que aqueles que vão se deitar mais cedo. Porém a causa não está relacionada com o tempo, mas sim com a associação ao fumo e à bebida.
A pesquisa analisou cerca de 23 mil gêmeos adultos finlandeses, onde 43% se identificou como “tipos noturnos”, ou seja, cujo cronotipo (predisposição que cada pessoa tem de sentir picos de energia e cansaço dentro de um ciclo de 24 horas) é o de que gosta de ficar acordado até mais tarde.
Estudos anteriores mostram que os notívagos, como são chamados, têm um maior risco de mortalidade e uma tendência a preferir um comportamento mais arriscado. Porém, segundo o pesquisador do Instituto Finlandês de Saúde Ocupacional e principal autor do estudo, Christer Hublin, diz que a descoberta mostra que não há contribuição entre o cronotipo e a mortalidade.
“O aumento do risco de mortalidade associado a ser uma pessoa claramente 'noturna' parece ser explicado principalmente por um maior consumo de tabaco e álcool. Isso é comparado a pessoas que são claramente 'matutinas'”, diz Hublin.
Embora ser uma pessoa noturna não signifique necessariamente maus hábitos de sono, os dois geralmente andam juntos. O sono prejudicado pode levar a uma série de problemas mentais e físicos e também já foi associado a vícios – nicotina ou álcool, por exemplo.
“Existe uma relação recíproca entre o sistema de recompensa e o sistema circadiano, e o nível de álcool e uso de substâncias se correlaciona com a preferência de ficar acordado até tarde da noite”, escrevem os pesquisadores em seu artigo publicado.
O estudo acompanhou os cronótipos dos participantes desde 1981 até 2018, observando as taxas de mortalidade verificadas por meio de registros nacionais. Fatores como educação, IMC e hábitos de sono foram ajustados na análise, bem como a quantidade de fumo e bebida de cada indivíduo.
No final do experimento, os pesquisadores descobriram que 8.728 participantes haviam morrido e que a chance de óbito por qualquer causa era 9% maior naqueles que se declaravam tipos vespertinos do que aqueles que eram tipos matinais.
No entanto, os não fumantes e que também não bebiam muito não apresentavam risco aumentado de morrer por qualquer causa. A equipe descobriu que fumar e beber (levando a doenças relacionadas ao álcool, bem como envenenamento por álcool) foram responsáveis pelas mortes extras.
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Os cientistas, no entanto, afirmam que é necessário estudos mais abrangentes sobre o assunto e em diferentes países para ter uma relação mais precisa. No entanto, eles afirmam que é preciso olhar não apenas para os hábitos de sono, mas também algumas das escolhas de estilo de vida que são mais prováveis de acontecer devido a esses hábitos de sono.
Com informações de O Globo