Pais: Presença da gravidez ao parto

Por Camilo Lindoso

Uma piscina inflável no meio de um quarto de hospital. Das 4h às 22h, água morna, música para relaxamento e a mãe Biahnca Sheyla com as contrações de quem tinha esperado nove meses pelo parto normal. O marido, Lamartiny Santos, ao invés de estar na sala de espera aguardando o nascimento, como muitos fazem, se encontrava dentro da piscina juntamente com Biahnca.

Quem entrasse no quarto até poderia perguntar qual dos dois, de fato, estava dando à luz. Lamartiny, nesse momento, deixou de ser figurante do nascimento, tornou-se a primeira pessoa a pegar o filho nos braços e recebeu o singular papel de cortar o cordão umbilical. Ele queria, somente, exercer o papel de protagonista por direito. Afinal, era o pai.

A experiência marcou tanto o casal, que Lamartiny e Biahnca resolveram repetir a dose com o nascimento da filha mais nova, Sarah, há um ano e meio. Só que dessa vez, tudo foi no quarto do próprio casal. A mesma piscina foi colocada no ambiente, com luz amena, música de fundo, água de coco e frutas de todos os tipos. No lugar da obstetra, uma parteira. E Lamartiny se encontrava no mesmo lugar: dentro da banheira.

Tudo isso para estar ao lado de Biahnca e colocar Sarah nos braços. “Ele que avisava à parteira de cada momento. Esteve presente em tudo, até hoje”, revelou a esposa. “A sensação de ver meus filhos vindo para os meus braços é indescritível. Durante toda a gestação a gente não tem a mesma vivência da mãe. Quando os vi nascendo, foi que me dei conta e disse: ‘eu sou pai’. É um momento mágico”, completou Lamartiny.

Biahnca tem, atualmente, 33 anos, e é psicóloga. Já Lamartiny, 27, é funcionário público. A escolha pelo parto humanizado não era apenas uma opção, mas sim a fórmula extra para fortalecer os laços familiares e desmistificar a ideia de que parto é em uma sala cirúrgica. “Queria vivenciar isso de certa forma. É imensurável o quanto é especial poder ver o próprio filho nascendo. É uma força que se estabelece ali e fica para o resto da vida”, diz o pai.

Os dois mudaram a rotina e sonhos depois da chegada dos filhos. Decidiram, juntos, que Biahnca largaria, por enquanto, o emprego para se dedicar à casa. Ele, no entanto, ficou com a dupla jornada. “Mudam-se as prioridades, valores... Essa aproximação minha desde a gravidez, participando do parto, é o reflexo do laço paterno que se fará presente durante toda a minha vida junto aos meus filhos”, ressalta Lamartiny.

A rotina com os pequenos é intensa. Às 5h30, os filhos já estão de pé. Café-da-manhã e passeio no entorno da Lagoa do Araçá, onde moram, são programas certos até as 9h. “Quando saio para trabalhar, Caio fica gritando dizendo que quer ir junto”, diz Lamartiny. e quando retorna, a brincadeira se torna o momento predileto dele e dos meninos. “É quando me esqueço das contas, problemas... Brincar com os meus filhos, fazer parte da vida deles, é reviver a inocência da infância e a curiosidade de uma criança”, conta.

Foto: Diego Nigro

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