Bebidas Álcoolicas x Medicamentos, o que pode acontecer?

Por Jeferson Machado

Muitos pacientes ao fazerem o uso de qualquer medicamento me fazem a mesma pergunta: "posso beber tomando esse medicamento?", ou então: "quantos dias tenho que ficar sem beber após tomar esse medicamento?". Como agente sedativo e hipnótico, o álcool (etanol) associado a outras drogas pode representar efeitos clínicos importantes.

Alguns exemplos clássicos: a toxicidade para o fígado do paracetamol é maior quando se ingere álcool em grandes quantidades; qualquer ingestão de álcool influencia na tomada de medicamentos como os calmantes, diminuindo a capacidade de raciocínio, os reflexos e a concentração na condução, bem como nas tarefas de precisão; há antibióticos que obrigam a não ingerir bebidas alcoólicas durante o tratamento.


Interação de álcool com:

- ANSIOLÍTICOS (BENZODIAZEPÍNICOS): Aumentam o efeito sedativo, o risco de coma e insuficiência respiratória. Ex.: Diazepam, Lexotan®, Bromazepam.

- ANTIBIÓTICOS: Existe um conceito de que misturar antibióticos e álcool é perigoso e pode inativar o primeiro. Isto é uma verdade parcial.

Realmente a associação de álcool com alguns antibióticos pode levar a efeitos graves.

São eles:
Metronidazol (Flagyl®)
Trimetoprim-sulfametoxazol (Bactrim®)
Tinidazole (Tindamax®)
Griseofulvin (Grisactin®)

Outros antibióticos como Cetoconazol, nitrofurantoína, eritromicina, rifampicina e isoniazida também não devem ser tomados com álcool pelo perigo de inibição do efeito e potencialização de toxicidade hepática, ou seja, diminui o efeito do antibiótico e ainda prejudica o seu fígado.

Em relação aos outros antibióticos não há relatos de interação. Porém, deve-se lembrar que o álcool inibe o sistema imunológico e dificulta o combate contra infecções. Portanto, não é inteligente beber enquanto se está com uma infecção.

- ANTICOAGULANTES: O álcool aumenta o efeito anticoagulante da Varfarina (Marevan®, Varfine®, Coumadin ®) podendo causar hemorragias.

- ANTICONVULSIVANTES: Aumentam os efeitos colaterais e o risco de intoxicação enquanto que diminui a eficácia contra as crises de epilepsia. Ex.: Depakene®, Gardenal®, Hidantal®, Rivotril®.

- ANTIDEPRESSIVOS: Aumentam as reações adversas, o efeito sedativo e diminui a eficácia dos antidepressivos. Pode também causar picos hipertensivos. Ex.: Sertralina, Assert®, Amitriptilina, Imipramina.

- ANTIINFLAMATÓRIOS: Aumentam o risco de úlcera gástrica e sangramentos. Aspirina (AAS) aumenta os efeitos do álcool. Mais exs.: Diclofenaco, Nimesulida.

- ANTI-HIPERTENSORES: Reduzem a eficácia, causam tonturas e arritmias cardíacas. Exs.: Captopril, Lisinopril, Losartana Potássica.

- ANTI-HISTAMÍNICOS (ANTIALÉRGICOS): Aumenta o efeito sedativo e causa tonturas e desequilíbrio. Ex.: Histamin®, Allegra®.

- PARACETAMOL: Aumenta o risco de hepatite medicamentosa.

- PROTETORES GÁSTRICOS: Aumenta o efeito do álcool e os efeitos colaterais do medicamento. Ex.: Omeprazol, Lansoprazol, Cimetidina.

Como se pode comprovar, o álcool interage com as principais classes de medicamentos. Na dúvida opte pelo mais seguro. Não consuma álcool se estiver usando medicamentos.

Pergunte ao seu médico ou farmacêutico quanto tempo após o interrupção do uso do medicamento é que se pode ingerir bebidas alcoólicas. Na falta ou ausência de algum desses profissionais aí vai uma dica: observe na bula do medicamento o tempo de excreção do mesmo. Geralmente esta informação fica no item "Farmacocinética". O Paracetamol, por exemplo, possui um tempo de excreção na urina de 24 horas. Após esse tempo, aí sim, o uso do álcool não causará interação com a substância.

*Jeferson Machado é Farmacêutico Bioquímico Clínico.

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