No poder, João da Costa isola João Paulo

Rompimento do ex-prefeito com o seu sucessor não impediu antigos aliados de estreitar as relações com João da Costa
Por Sheilla Borges

Distante da Prefeitura do Recife e, consequentemente, de todos os benefícios concedidos pelo poder, como o de indicar pessoas para ocupar cargos públicos e o de demonstrar prestígio para ver as demandas de seus grupos atendidas, o ex-prefeito do Recife e deputado federal João Paulo está cada vez mais isolado dentro do PT estadual. Esse processo, que é paulatino e contínuo, ocorre desde que o parlamentar rompeu politicamente com o atual prefeito e ex-apadrinhado político João da Costa (PT), ainda em 2009, primeiro ano da gestão. Seja qual for o motivo - por necessidade de buscar visibilidade ou por entender que a gestão é do PT apesar da briga dos Joões -, muitos filiados e técnicos que eram ligados a João Paulo estão hoje integrando o grupo de João da Costa.

O reflexo mais evidente desse poder de atração do governo é o próprio racha da tendência comandada por João Paulo, a Mensagem ao Partido. Muitos de seus membros estão apoiando João da Costa ou ocupando cargos na PCR: Aluízio Camilo, que foi nomeado na semana passada para a Secretaria de Governo, Oscar Barreto que é presidente do PT do Recife e já foi ligadíssimo ao ex-prefeito, Eduardo Granja, secretário especial de Políticas para a Juventude, Hercílio Maciel e José Alberto - ambos da assessoria especial do gabinete de João da Costa. A mais recente adesão foi a do ex-deputado federal Fernando Nascimento, nomeado na semana passada para coordenar os assessores lotados no gabinete do chefe do Executivo. Ele é da Articulação de Esquerda, ala liderada pelo vereador Múcio Magalhães, que se mantém fiel a João Paulo.

Nascimento se afastou de João Paulo, com quem mantinha amizade desde a época da militância sindical, porque o ex-prefeito trabalhou a favor da candidatura de Múcio, na campanha de 2008. Esse também é o principal motivo para o distanciamento de alguns vereadores, como Josenildo Sinésio, líder do governo, Jurandir Liberal, presidente da Câmara, e Osmar Ricardo, líder do PT.

Nos dois primeiros anos de gestão, o prefeito enfrentou muita resistência para emplacar os seus projetos. Em função do acirramento político entre os dois Joões, muitos auxiliares que foram indicados pelo ex-prefeito decidiram sair. Outros, contudo, permaneceram. Estão nesse grupo o secretário de Serviços Públicos, Eduardo Vital, e o chefe de gabinete, Félix Valente. Quem também tem se exposto para defender João da Costa é o deputado federal Fernando Ferro. De acordo com informações de bastidor, esses petistas acreditam que, apesar dos problemas enfrentados pela PCR, João da Costa tem tempo e condições para recuperar a sua imagem e viabilizar a sua candidatura à reeleição.

Indagado sobre o seu isolamento, João Paulo preferiu não se pronunciar, mas terminou fazendo um rápido comentário. "Não encontro problema para me reunir com a base política", falou, referindo-se à sua tendência. Ontem, em Água Fria, disse ter se reunido com 50 militantes para "avaliar a conjuntura política nacional e internacional".
 

 

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