HR investiga superbactéria

Dois pacientes, um deles criança, do Hospital da Restauração (HR), no Derby, área central do Recife, estão com suspeita de infecção pela bactéria multirresistente Klebsiella pneumoniae carbapenemase (KPC), segundo a Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária (Apevisa). Há ainda outros doentes com infecção resistente a antibióticos isolados numa enfermaria do 5º andar. Em todo o Estado são 68 pessoas com KPC, atualmente internadas em hospitais públicos, privados e em atendimento domiciliar. Desde outubro do ano passado, a bactéria foi detectada em 146 pessoas, 41 delas morreram.

Os casos de infecção por bactérias multirresistentes no HR foram divulgados a partir de denúncia, à imprensa, da família de um dos pacientes mantidos na enfermaria isolada do 5º andar. "Os médicos dizem que meu filho está com KPC. Ele foi internado por causa de um acidente de moto, machucou a cabeça e a mão, foi mantido na UTI e pegou a pneumonia no hospital", disse Marta Campos Montenegro, mãe do jovem Magno Barbosa Montenegro, 22, residente em Olinda.

Rogério Carvalho, amigo da família, conta que falou pessoalmente com médicos do setor. "A KPC já está confirmada. Eles aguardam resultado de exames para saber se os antibióticos estão fazendo efeito", disse.

Jaime Brito, gerente da Apevisa, explica, no entanto, que ainda é necessário confirmar os casos. Segundo ele, todo hospital tem pacientes com resistência a antibióticos isolados. "O Hospital da Restauração implantou um sistema de vigilância muito forte, em razão do seu perfil", afirma. Ele descarta a existência de surto da bactéria multirresistentes na unidade que é referência em trauma e neurocirurgia para todo o Nordeste. Afirma que o último caso confirmado de KPC no Hospital da Restauração foi em março deste ano.

Familiares de Magno, no entanto, questionam os procedimentos de limpeza e os cuidados adotados pelo hospital. "Eles varrem e passam o pano no quarto duas vezes por dia. Mas não vejo a desinfecção das paredes. Estou trazendo água sanitária de casa para limpar a que fica junto da cama do meu filho", contou Marta. Outros sete doentes, que estariam na mesma enfermaria, teriam passado antes pela Unidade de Terapia Intensiva.

Por causa da infecção, Magno ainda não foi submetido a uma cirurgia para religamento de tendões de uma das mãos. Ele deu entrada no HR no dia 8 de julho. Da unidade de trauma, na emergência, foi transferido, segundo a família, para a UTI 1, do 2º andar, permanecendo no local, em coma induzido, por dez dias. De lá, seguiu para uma enfermaria no 5º andar e, quando constatada a infecção, foi transferido para outro quarto onde já estavam pessoas com situação parecida. Fraldas descartáveis, sabonetes líquidos e até água mineral são levados de casa pela família.

Do JC

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