Novela: Ex-marido revela ações de Dilma contra ditadura

Da Folha PE


A partir da próxima segunda-feira até sexta, os finais dos capítulos da novela “Amor e Revolução”, do SBT, apresentará cinco depoimentos de Carlos Augusto, ex-marido da presidente da República, Dilma Rousseff (PT), falando sobre a história dela no perído da Ditadura Militar. A ideia inicial era de que ele aparecesse em apenas um dia, mas a riqueza de informações levou a direção da novela a dividir a fala em cinco blocos. Carlos conta como foi a sua participação no combate ao regime junto com a ex-mulher, inclusive do roubo do cofre de Adhemar de Barros. Ele detalha como foi preso, a tortura sofrida por Dilma e garante que a presidente não participou de qualquer ação armada da organização chamada Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares).

Relação com Dilma
Capítulo 65 (4 de julho)
Eu tenho muito orgulho de ser companheiro da Dilma. Sempre nos identificamos. O nosso bom companheirismo persiste até hoje. Eu sempre fui advogado de gente pobre. Sempre fui uma pessoa de esquerda. Com a ditadura não vi outra saída a não ser partir para a luta armada. Formamos uma organização chamada Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares), e praticávamos ações de desapropriação de bancos. Buscávamos dinheiro no banco para comprar armas. Também fizemos algumas ações em quartéis para pegar armas. Praticamos ações sociais também: pegávamos caminhões de carne na baixada fluminense e distribuíamos em favelas.

Prisão de Dilma
Capítulo 66 (5 de julho)
A Dilma foi presa em frente ao Jornal O Estado de S. Paulo. Como todos os demais, foi torturada na Oban (Operação Bandeirante). Ela foi condenada por três anos e cumpriu toda a pena... A Dilma sente muito orgulho do que fez! Ela não ficou com sequelas. Felizmente. Ela entrou na cadeia nova e saiu nova... Não deixa de ser uma ironia... Eu moro aqui nessa casa na beira do rio em frente à Ilha do Presídio (Porto Alegre), onde fiquei preso por quase um ano.

Cofre de Adhemar
Capítulo 67 (6 de julho)
Conforme aumentava o número de clandestinos, de pessoas procuradas, tínhamos que planejar ações em bancos e pegar dinheiro para sustentar o pessoal. O Adhemar de Barros tinha o monopólio do jogo do bicho no Rio de Janeiro; não era só São Paulo. Tínhamos a informação de que o dinheiro do jogo do bicho era recolhido mensalmente e levado para a casa de Dona Ana Capriglione, no bairro de Santa Tereza, no Rio de Janeiro, e depois mandado para o exterior. Soubemos disso, fomos lá e pegamos o cofre. Naquela épo­ca tinha aproximadamente US$ 2 milhões. O mais interessante é que Dona Ana nunca pôde denunciar nenhum companheiro. Ela sempre negava o roubo. Então, ninguém foi denunciado processualmente por essa ação. É como se não tivesse existido. Dona Ana não podia denunciar... Como ela justificaria o dinheiro?

Tentativa de suicídio
Capítulo 68 (7 de julho)
Fui pego em São Paulo e me levaram para o Dops. Fui torturado violentamente! Durante o processo de tortura tomei uma decisão: a de me matar. Durante um depoimento eu menti, e disse que tinha um encontro marcado com o Lamarca no dia seguinte pela manhã. Escolhi um lugar que era fácil para me matar: uma avenida da Lapa (Bairro de São Paulo) que passava carros em altíssima velocidade. Eu havia decidido me jogar. E foi o que aconteceu comigo: eu me atirei embaixo de uma Kombi e fiquei bastante ferido. Fiquei no hospital, mas depois de um tempo voltei para a tortura na Operação Bandeirante (Oban).

Ações armadas
Capítulo 69 (8 de julho)
Dilma não participou de ação nenhuma. Não existe nenhum processo. Ela não participou de nenhuma ação armada porque não era o setor dela. Ela atuava em outros setores. Nos orgulhamos do que fizemos, mas isso não quer dizer que somos desprovidos de uma visão crítica. Tínhamos uma vi­são idealista que entrava em choque com a realidade. Mas não renunciamos nada; te­mos orgulho do que fizemos. Mesmo agindo incorretamente, às vezes.


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