Dia “D” contra a hanseníase no Recife

Por Wagner Santos

Com o propósito de aumentar a sensibilização da população com relação à Hanseníase, foi criado o Dia da Mancha. A iniciativa partiu da Secretaria Municipal de Saúde do Recife, que promoveu ontem, uma ação direcionada para pessoas com casos suspeitos da doença. Para isso, foi designada uma equipe de 30 profissionais, entre médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e agentes comunitários de saúde. A mobilização aconteceu durante o dia inteiro, na Unidade de Saúde Cidade Operária, no bairro do Ibura, Zona Sul do Recife, com atendimento dermatológico, orientações, distribuição de materiais informativos, além de uma apresentação teatral sobre a doença.

O trabalho da equipe ficou subdividido em grupos e em cada um destes foram feitas as triagens para encaminhar os casos com as manchas suspeitas para a especialista em Hanseníase, Patrícia Cruz. De acordo com médica, que já realiza esse trabalho na prefeitura há três anos, a maior dificuldade para o tratamento se dá porque a maioria das pessoas que têm a doença, só procura atendimento quando ela já está em estado avançado de encubação.

Antes da chegada da especialista, marcada para as 8h, já haviam quase 90 pessoas para serem atendidas. Entre elas, estava a auxiliar de cozinha Elaine Ferreira, 23, que apresentava ferimentos na mão e foi ao posto para descobrir do que se tratava. “Eu já tinha vindo ontem (anteontem) para cá e me disseram que hoje (ontem) o posto iria trazer a médica que iria me dizer o que realmente é isso. Foi muito bom, pois eu logo fui atendida e o melhor é que meu problema é somente um fungo e não hanseníase”, disse aliviada.

De acordo com a médica Patrícia Cruz, o fato de as pessoas acharem que não tem a doença, retarda e muito o tratamento. E a pessoa que acha que aquilo não é tão importante e acabam não sabendo antecipadamente sobre a existência da doença, que apresenta várias patologias causadas por uma microbactéria, que pode lesionar as células nervosas, onde elas ficam encubadas e trazer sequelas permanentes para quem adquire a doença. Quanto mais precoce o tratamento, maior a garantia de mínimas sequelas para o paciente.

“Ela tem um período de incubação e com um maior período de incubação, já fica difícil de achar quem foi que passou para aquela pessoa, além de existir várias formas da doença, existe ela com muitos bacilos e tem a forma com poucos bacilos. Para adquirir a doença tem que ter entrado em contato com uma pessoa que possua muitos bacilos”, explicou.

A médica defende que, um dos objetivos é mostrar que é uma doença como a Hanseníase tem cura e o tratamento é oferecido pela rede de saúde; quanto mais as pessoas tratarem isso com naturalidade, mas fácil vai ficar de a população compreender sobre a importância do tratamento. “Essa ainda é uma doença bastante estigmatizada, principalmente nas camadas mais baixas da população, que não querem que as pessoas saibam que ela tem a doença. Isso aqui é uma forma de a gente quebrar esse preconceito”, ressaltou.

Postar um comentário

Comente esta matéria

Postagem Anterior Próxima Postagem