Chegam ao Recife os brasileiros que estavam na Líbia

Do PE 360º

John Kolesidis/Reuters

Os pernambucanos que trabalham numa construtora brasileira e estavam prestando serviços na Líbia desembarcaram, na noite desta segunda-feira (28), no Recife. Eles deixaram o país devido aos conflitos após protestos contra o regime de Muammar Kadhafi, que está no poder desde 1969.

Ao todo, 148 brasileiros, funcionários da construtora Queiroz Galvão e seus familiares, deixaram a Líbia num navio e chegaram ao porto de Pireu, em Atenas, na Grécia, na manhã do domingo (27), de acordo com informações do Ministério das Relações Exteriores. De lá, eles pegaram um voo para o Recife, nesta manhã. O grupo, que tem 56 pernambucanos, foi o último entre os brasileiros a deixar o país.

Ao desembarcarem no Aeroporto Internacional dos Guararapes, eles foram recebidos por parentes que aguardavam ansiosos no saguão. Maurício Batista era um deles. Ele aguardava ansioso por um sobrinho e a esposa. “É muito sofrimento quando tem parente distante passando por um problema como este, que é estar praticamente numa guerra civil, correndo risco de vida. Ficar aqui no Brasil, sem notícias, é muito difícil , mas agora dá para respirar aliviado”, explicou.

Marcos Jordão (foto 1), diretor da empresa para África do Norte e Oriente, foi quem organizou a saída dos brasileiros. Além dos 56 pernambucanos, existem pessoas de mais 16 estados brasileiros. Ele explicou que nos últimos dias os conflitos se acirraram e por isso preferiram deixar o país. “Na quinta, sexta e no sábado os tiroteios ficaram mais fortes e próximos às residências de engenheiros nossos.”

Jordão explicou ainda que a empresa vai retirar outras 1 mil pessoas que são do Vietnã e também trabalhavam para a empresa na Líbia. “Eles estão saindo de lá amanhã (terça-feira)”.

O diretor explicou que a Queiroz Galvão tem seis contratos no país e não sabe como será o futuro da empresa. “No primeiro momento o que pensamos foi em tirar o pessoal de lá. A partir daí vamos pensar no resto. Não sabemos ainda o futuro. A empresa é muito grande e tem vários contratos aqui no Brasil. Vamos ver o que acontece na Líbia. Ainda temos máquinas lá e temos funcionários líbios que também continuam trabalhando lá.”

O governo brasileiro informou que a viagem transcorreu sem problemas e que todos os brasileiros estão bem. A operação foi organizada pela embaixada brasileira em Atenas e paga pela Queiroz Galvão. Eles embarcam de avião para o Brasil, em voo que fez escala em Portugal.

O navio foi a única alternativa encontrada pela empreiteira e o governo para a retirada dos brasileiros de Benghazi, onde ocorreram os protestos mais intensos contra o regime de Muammar Kadhafi. As tentativas prévias de buscar os brasileiros por via aérea não foram possíveis porque a pista do aeroporto local foi destruída no início da semana.

CONFLITOS
Centenas de pessoas morreram por conta dos conflitos. De acordo com informações da Federação Internacional para os Direitos Humanos (FIDH) na última quarta-feira (23), pelo menos 640 pessoas já morreram na Líbia desde 14 de fevereiro.

O número representa mais que o dobro do balanço oficial do governo da Líbia, divulgado na véspera, de 300 mortos. Para a principal autoridade francesa de Direitos Humanos, no entanto, o número pode ser bem maior. Estima-se que até 2 mil pessoas possam ter morrido na revolta popular contra o ditador da Líbia.

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