Mulher morre em parada de ônibus em Olinda. Corpo passa 12h exposto
postagem Gabriel Diniz
Depois de passar mal, por volta das 22h de anteontem, uma mulher morreu ao lado da parada de ônibus do terminal de Passarinho, bairro de Olinda. Até aí, nada de anormal, afinal, por mais que cause sofrimento, a morte é um processo natural dos seres vivos. No entanto, os últimos minutos da história de vida da dona de casa Andréa Lino de Oliveira, 34, são dramáticos e revoltantes. Segundo testemunhas, ela desmaiou e teve convulsão, despertando a atenção de pedestres, que teriam ligado para o Samu e Corpo de Bombeiros, sem serem atendidos. Depois do óbito, o cadáver ficou exposto, em via pública, por mais de 12 horas, sendo recolhido às 10h30 de ontem.
Avisado da morte da prima na manhã de ontem, o balconista Brivaldo Vieira dos Santos, 53, foi para Passarinho tentar agilizar o recolhimento do corpo. “Temos que esperar a boa vontade do IML (Instituto de Medicina Legal). Isso nos revolta, pois, nem após a morte, somos tratados com dignidade. No caso de Andréa, foi ainda pior, já que o Samu e os bombeiros não compareceram para tentar salvá-la”, desabafou.
Surpresas, pessoas que viram a mulher voltaram ao terminal de ônibus, na manhã de ontem, e o corpo ainda estava lá. “Não acredito no que estou vendo. Essa senhora ainda está aqui, no chão, como um animal?”, questionou a agente ambiental Jailza Belo, 47, que afirmou ter ligado para o Samu quatro vezes. “Estava por perto, quando ela desceu do coletivo e sentou-se no banco. Minutos depois desmaiou. Em seguida, liguei para o Samu. Me disseram que chegariam em dez minutos. Como não chegavam, fiquei insistindo. Telefonei quatro vezes e nada”, disse.
Jeremias José da Silva, 34, assim como Jailza, tentou salvar Andréa, que não era casada e morava com a mãe, no Alto da Bondade, Olinda. “Para mim, ela morreu por irresponsabilidade do Samu. Liguei muito para os órgãos de socorro, mas nenhum compareceu. A mulher faleceu e continuou sendo desrespeitada pelo poder público, já que o IML só veio buscar o corpo hoje (ontem), sendo que ela perdeu a vida por volta das 22h do domingo”, reclamou.
Para dar uma resposta aos familiares de Andréa e punir os responsáveis pelo descaso, o secretário de Defesa Social, Wilson Damázio, determinou que o coordenador do Centro Integrado de Operações de Defesa Social (Ciods), coronel Sérgio Viana, investigue o caso. “Vamos abrir um procedimento para apurar o que aconteceu, só depois serão tomadas as devidas providências. Sabemos que o carro do IML levou um tempo grande para atender a ocorrência. Não aceitamos isso. Quando concluir a apuração, a corregedoria deverá se pronunciar”, explicou Viana.
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