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Entrevista com o pai do noivo do casamento de Camaragibe

Do Blog de Jamildo
Postagem Gabriel Diniz


João Bosco Pimentel Damascena, pai de Rogério Damascena, que matou a noiva Renata, o colega Marcelo e, se matou em seguida, falou com exclusividade aos repórteres Ana Laura Farias, do Blog de Jamildo, e Eduardo Machado, do Jornal do Commercio. A família ainda estava estarrecida com o ocorrido. "Tudo que eu quero é encontrar uma resposta para essa interrogação", desabafa o pai.

Entrevista

E- Ele vivia aqui com a mãe?

PAI- Morou comigo em torno de seis anos, depois veio para cá.Ele tinha em torno de doze anos quando eu me separei da mãe. E ele conviveu comigo mais seis anos lá no interior.

E- Ele estudou lá em Ribeirão?

PAI- Estudou lá, em um colégio de freiras, Satina. Eu quero endossar uma questão. A vida dele, na infância, sempre foi a de um menino de família. Sempre muito atencioso, carinhoso. Ele sempre tava dizendo que amava a família, que amava os pais. Ele é um menino que nunca teve nenhum ato de violência, nunca houve briga na família. Nunca houve nada, nós sempre vivemos em harmonia. Tanto na infância dele quanto na adolescência e na fase adulta. Ele era uma pessoa prestativa, não só com a família, mas com qualquer pessoa, mesmo que não conhecesse. Os amigos ainda têm um grande respeito por eles. Estava todo mundo na festa de casamento. Estava tudo tranquilo e, de repente, ele tomou essa atitude. Nós não sabemos o porquê. A imprensa hoje tá focando numa questão do ciúme, do crime passional. Nós desconhecemos isso. Até porque eu tinha muita aproximação com a esposa dele. Ela sempre ia na minha casa de praia. A gente sempre tinha contato. Nós sempre íamos para festas juntos.Era uma menina "extremamente ótima". Muito meiga, muito atenciosa. Ele sempre dizia que a amava. Ela também dizia que amava ele. Hoje eu vi uma declaração do advogado da família dela dizendo que ele matou ela por ciúme, que ele era uma pessoa extremamente ciumenta. A gente não pode concordar com isso. A gente concorda que é natural as pessoas sentirem ciúme. Hoje é natural ser ciumento. Agora, chegar a ponto de um ciúme extremo para cometer um crime desses, nós não podemos realmente concordar com isso. Nós não sabemos o que o levou a cometer essa tragédia, mas nós queremos dizer que ele era um menino calmo, meigo e pacato. Não temos como dizer que era um menino violento.

E- O que o advogado falou é que, inclusive, Renata teria confidenciado para as amigas que ele era muito ciumento. Tinha ciúme dela com os sobrinhos, primos, colegas de trabalho. Que eles saíam para festas e no meio da festa, ele pedia para ir embora, porque sempre achava que tinha alguém paquerando com ela, alguma coisa desse tipo. Chegou alguma vez para vocês alguma situação desse tipo ?


PAI - Nós desconhecemos isso. Inclusive, porque ele era uma "pessoa confidente" comigo. Ele não era só filho. Ele era amigo, camarada, irmão. Para mim, ele sempre foi uma pessoa amiga, sempre desabafou determinadas situações. Qualquer decisão ele falava comigo. Até para consertar um carro ele me procurava, sempre pedia para eu acompanhar nas oficinas. Ele me ligava todos os dias. Eu vou sentir muita falta, ele era muito ligado a mim. Já soube essa atitude que ele tomou, em nenhum momento ele me falou. Muito pelo contrário. Como é que ele premeditou esse crime, se ele se preparou, se ele teve uma despedida de solteiro cm os amigos dele, na quinta-feira. Ele amanheceu o dia comemorando. Ele tinha um apartamento onde ia morar com a esposa aqui em San Martin. Ele cuidou do apartamento, inclusive me convidou para morar com ele. Não moro aqui, sou funcionário do Incra, fico em transição no trabalho. Ele disse "pai, eu preparei um quarto para você morar". Ora, se ele estava premeditando esse crime, como iria preparar isso * . Preparou essa festa com todo zelo, todo carinho. Ele dizia a todo mundo "Gente, é a minha festa no sábado. Eu quero todo mundo lá. Nós vamos brilhar com esse casamento. Eu estou muito feliz por estar casando com Renata". O casamento foi tranquilo, estávamos todos lá. Após o casamento, ele estava de mesa em mesa. Tem filmagem com ele dançando com ela. Ele passava de mesa em mesa, no maior carinho. Dizia "Meu pai, eu tô feliz. Eu te amo, meu pai. Compartilhe da minha felicidade."

A - E se ele não premeditou, o que foi então? Uma coisa da hora, do momento ?

PAI - Eu acredito que houve algum motivo. Não sei de da hora ou se de antes. Para tomar uma atitude dessas, ele tem que ter tido um motivo forte. Ele estava muito depressivo. Ele ligava dizendo que estava trabalhando demais, estressado. Ele tinha assumido uma função na empresa, de assistente comercial. Toda a responsabilidade de vendas da empresa, da Shineray, tinha passado para ele, em Pernambuco e outros estados, como Alagoas e Rio Grande do Norte. Eu até o convidei recentemente para o meu aniversário e ele não pôde ir porque estava trabalhando em Natal. Era uma pessoa muito atarefada.

E - Mas ele usou essa palavra depressivo ?

PAI - Ele se referia ao estresse, ao excesso de trabalho.

A- De quanto tempo para cá o senhor sentiu essa mudança?


pai - Há um ano.

PRIMA- Inclusive, ele dizia que, quando chegava [em casa], esquecia tudo que estava lá. Ele estava com uma sobrecarga, mas não trazia para casa.

PAI - Não acho que tenha sido isso que levou ao ato, mas pode ter concorrido para isso. Mas isso não é motivo suficiente para alguém tomar essa atitude.

E - Além do estresse, teve alguma mudança de comportamento ? Ele já teve algum tipo de tratamento psicológico?


MÃE - Não, ele não apresentava nada para chegar ao ponto disso. Ele era uma pessoa, que depois que saía da empresa, convivia normalmente com a família. Todo mundo aqui [em San Martin] sabe.

E - E desde que dia ele disse que ia ter uma surpresa no casamento ?

MÃE- A surpresa ia ser que ele ia entrar de moto, fazendo "zoada" para chamar atenção.

PAI - Era uma moto bem possante que ele tinha comprado. Isso inclusive aconteceu.

A - Ele falou que ia ter uma surpresa e entrou com a moto, foi isso ?

MÃE- A gente achou que a surpresa era mesmo essa.

E- Ele não disse que ia ter uma outra surpresa depois ?Não falou "a surpresa vai ser agora" ?


PAI - Não. Inclusive estão usando até o timbre do convite, no qual dizia que "chegou a hora". A hora que se referia era a do casamento, dele sair da vida de solteiro para a de casado.

PRIMA - E quem escolheu o convite foi a noiva.

E - O senhor estava presente no momento em que tudo aconteceu ?

Estava na cerimônia.

E - Mas o senhor viu ?

PAI - Eu não vi quando ele atirou na esposa. Vi o rapaz correndo e ele correndo atrás do rapaz. Distante, eu observei que ele atirou no rapaz.

E - E o rapaz caiu ?

PAI - O rapaz caiu e ele atirou no rapaz. Depois, vi quando ele atirou em si mesmo.

E - Não foi aleatório, então.


PAI - Ele se direcionou ao rapaz. Só correu atrás dele. Primeiro, eu ouvi os tiros. Até pensei que eram fogos de artifício, já que antes de ele casar soltaram fogos. De imediato, vi o rapaz correndo e ele atrás do rapaz. Isso foi em uma fração de segundos. É aí que veio o desespero. A mãe dele viajou. Corri para o lado da noiva e a vi estendida. Aí minha cunhada chegou e disse "Rogério está respirando. Vamos socorrê-lo". Eu sou deficiente, uso prótese, não poderia pegá-lo. Aí eu apelei para todas as pessoas. "Vamos pegar, socorrer". Ninguém queria ajudar na hora. Foi quando se juntaram algumas pessoas que o colocaram no carro. Eu saí "à toda" no carro.

E- Na caminhonete ou no Audi?

PAI - No Audi. Eu não estava com a caminhonete. Nós trocamos de carro na sexta-feira. Ele pediu para transportar as coisas do casamento, já que tem uma caçamba. Como o casamento ia ser em Aldeia.

E - Foi nesse momento que o segurança ou alguém do local escondeu a arma?

PAI - Não sei te dizer.

A - O senhor não viu quando esconderam a arma?

Não, eu só queria socorrer meu filho. Nem sei como consegui trazê-lo. Ainda conseguir chegar com ele na Restauração com ele respirando. Depois de um tempo, o médico deu o diagnóstico de morte cerebral. Soube da morte às 8h.

A - Quando o senhor fala que pediu ajuda e algumas pessoas se recusarem, a quem se refere? À família da noiva?

Eu me refiro a todo mundo que estava lá.

E - Alguém chegou depois para dizer ao senhor que ele estava passando por algum problema com a namorada?


Não, absolutamente não. Muito pelo contrário. Os amigos dizem que ele vivia feliz, amava a noiva.

E - Como era o namoro dele? Eles já tinham se separado alguma vez e voltado depois?

MÃE- Não. Ela vivia muito aqui comigo, me adorava. Ela era muito tranquila.

A - Vocês mantiveram contato com alguém da família da moça depois do acontecido?


PAI - Não. E nem com a empresa, que não nos procurou nem para dar os pêsames. E ele era um rapaz muito querido na empresa, era isso que ele me passava. Era convidado para festas particulares da empresa. Achei estranho a empresa não nos procurar. Tivemos conhecimento que tinha alguém da empresa.

A - Vocês tinham contato com alguém que trabalhava com ele?

PRIMA - Com algumas pessoas.

E - O senhor achava que o alvo era a moça e o rapaz foi por acidente ou ele queria realmente matar o rapaz?

PAI - Não sabemos. Hoje todos tentamos entender o porquê de ele ter tomado essa atitude.

A - Você [prima] conhecia Marcelo, o rapaz que foi baleado?


PRIMA - Conhecia, ele era amigo dele.

A - Mas frequentava a casa?

PRIMA- Não, mas era do convívio. Ele não era chefe, trabalhavam em setores diferentes.

E - Mas ele era padrinho?

PAI - Não, era uma cerimônia espírita, não tinha padrinho.

E - Em alguns momentos eles disputaram alguma vaga?

PRIMA - Não, até porque eles eram de setores diferentes. Até então, saiu na imprensa, que Marcelo teria sido promovido e ele tinha ficado com raiva. Isso não tem nada a ver.

PAI - Não há nenhum motivo que a gente consiga encontrar.

PRIMA - Ele não tinha esse tipo de pensamento. Acho que só os três [Renata, Rogério e Marcelo] sabem do motivo, mas não estão mais aqui para contar.

E - E essa arma? Ele tinha mesmo?


PAI - Nunca tive conhecimento. Se tinha, sempre escondeu.

E - Ela conhecia bem Marcelo?

PRIMA- Só de festas mesmo. Acho que foi alguma coisa que ocorreu na hora.

A - Na própria cerimônia?

Eu não estou falando de envolvimento. Deve ter sido alguma situação que aconteceu lá. Isso é o que a gente supõe.

A - Mas ele já estava com uma arma...

A gente apenas supõe. Eu realmente não sei. Ninguém nunca soube que ele tinha arma.

A - A noiva realmente correu?

MÃE - Disseram que ela correu, por ter deixado os sapatos longe. O sapato dela fui eu que tirei porque estava apertado. Ela já estava descalça na hora do tiro. Eu tirei a sandália dela para ela ir dançar. E também não estava vestida de noiva. Era um vestido normal que ela colocou para poder dançar. Ela estava um pouco tonta.

E - Passando mal?

MÃE- Não, é que ela nunca bebia.

E - E ele bebeu?


PAI - Bebeu normalmente, como sempre fazia. Dentro do limite. Nunca fez coisas erradas por conta de bebida.

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