Outro buraco na rua. Outra ameaça

Buracos abertos em via pública, que jorram água de canos estourados, como o que Rubenita Vicente Carvalho da Silva, de 17 anos, e Jaqueline Barbosa da Silva, de 20 anos, morreram afogadas na última terça-feira, não são exclusividade da rua Barra de São Francisco, no loteamento Santa Mônica, em Camaragibe. Na rua Capitão Antônio Rego, na Vila Cardeal, no bairro de Areias, no Recife, o cenário se repete: uma cratera da largura da rua, com cerca de um metro de profundidade, se destaca no meio da via. O mesmo elemento que tirou a vida de duas jovens e é símbolo de revolta em Camaragibe, é motivo de festa para as crianças, que constantemente usam o buraco inundado para o lazer, e a preocupação dos adultos, que temem o pior, principalmente com o trágico precedente que comprovou o perigo da situação. Ontem, o buraco que tragou as duas amigas amanheceu fechado.

A comerciante Quitéria Apolônio, de 48 anos, que reside e trabalha em frente ao buraco garante que após a tragédia de Camaragibe, o temor só aumentou. “Nós estamos apavorados, aqui, porque esse buraco vive cheio de crianças o dia todo”, afirmou Quitéria. A comerciante que assistiu a tudo já saiu correndo do estabelecimento onde trabalha para avisar a uma mãe que seus dois filhos pequenos estavam mergulhando no buraco. De acordo com a dona de casa Fran­cisca Maria de Menezes, 60, a população já convive com o problema há três me­ses. “Ele era pequeno. Aumentou quando os técnicos da Compesa vieram aqui trocar os canos e abriram esse buraco. Eles disseram que iam completar o trabalho depois, mas não voltaram até hoje (ontem)”, contou.

Francisca já soube, inclusive, de histórias de pessoas que se acidentaram na cratera. “No sábado passado, um homem bêbado caiu no buraco e por pouco não se afogou. Se o rapaz que o puxou não estivesse passando na hora, ele não sobreviveria”, disse. Para Francisca, a cratera é uma grande armadilha cheia de cimento, ferro e pedras que a qualquer momento pode gerar outra tragédia. “Quando essas duas meninas morreram foi inevitável lembrar desse buraco. Esses buracos são um absurdo. Se a Compesa fizesse o serviço direito nada disso aconteceria e esse buraco não ficaria exposto aí. Agora, a conta de água não deixa de vir”, disparou. Se­gundo Francisca e Quitéria, elas e os vizinhos já perderam a conta de quantas vezes a Compesa já foi acionada para resolver o problema.

“Mais de dez pessoas já reclamaram disso”, destacou Francisca. “Só ontem, depois que soubemos do acidente, oito pessoas que eu conheço ligaram para a Compesa, disseram que ha­via um buraco na mesma situação do de Camaragibe, mas nada foi feito. Eles di­zem que o serviço já está agendado, mas nunca chegam aqui para completá-lo. Aí, esse buraco fica assim e os meninos aproveitam para brincar, correndo risco de sofrer qualquer acidente”, ratificou Quitéria.

Em resposta às reclamações da comunidade de Vila Cardeal, a Compesa, por meio de sua assessoria de Imprensa, informou que ainda ontem, uma equipe da Companhia foi até o local, sinalizou o serviço e isolou a área para garantir a segurança da comunidade e evitar que a população chegasse perto da cratera. A medida, segundo a Compesa, é temporária, pois, ainda de acordo com a assessoria de Imprensa, o serviço na rua Capitão Antônio Rego, que se trata de um conserto de uma tubulação de água estourada, será finalizado hoje, quando enfim o buraco também poderá ser fechado.

Por Marcela Alves
Postagem Gabriel Diniz

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