A comerciante Quitéria Apolônio, de 48 anos, que reside e trabalha em frente ao buraco garante que após a tragédia de Camaragibe, o temor só aumentou. “Nós estamos apavorados, aqui, porque esse buraco vive cheio de crianças o dia todo”, afirmou Quitéria. A comerciante que assistiu a tudo já saiu correndo do estabelecimento onde trabalha para avisar a uma mãe que seus dois filhos pequenos estavam mergulhando no buraco. De acordo com a dona de casa Francisca Maria de Menezes, 60, a população já convive com o problema há três meses. “Ele era pequeno. Aumentou quando os técnicos da Compesa vieram aqui trocar os canos e abriram esse buraco. Eles disseram que iam completar o trabalho depois, mas não voltaram até hoje (ontem)”, contou.
Francisca já soube, inclusive, de histórias de pessoas que se acidentaram na cratera. “No sábado passado, um homem bêbado caiu no buraco e por pouco não se afogou. Se o rapaz que o puxou não estivesse passando na hora, ele não sobreviveria”, disse. Para Francisca, a cratera é uma grande armadilha cheia de cimento, ferro e pedras que a qualquer momento pode gerar outra tragédia. “Quando essas duas meninas morreram foi inevitável lembrar desse buraco. Esses buracos são um absurdo. Se a Compesa fizesse o serviço direito nada disso aconteceria e esse buraco não ficaria exposto aí. Agora, a conta de água não deixa de vir”, disparou. Segundo Francisca e Quitéria, elas e os vizinhos já perderam a conta de quantas vezes a Compesa já foi acionada para resolver o problema.
“Mais de dez pessoas já reclamaram disso”, destacou Francisca. “Só ontem, depois que soubemos do acidente, oito pessoas que eu conheço ligaram para a Compesa, disseram que havia um buraco na mesma situação do de Camaragibe, mas nada foi feito. Eles dizem que o serviço já está agendado, mas nunca chegam aqui para completá-lo. Aí, esse buraco fica assim e os meninos aproveitam para brincar, correndo risco de sofrer qualquer acidente”, ratificou Quitéria.
Por Marcela Alves
Postagem Gabriel Diniz