Júnior Viana deixa o comando da Rádio Ilha


Por Marcelo Cavalcante

Júnior Viana não é mais o comandante da Rádio Ilha. Desde 2008 como narrador oficial da rádio, Júnior, pelo o que escreveu no seu blog (o texto está reproduzido abaixo), não vinha concordando com a linha de trabalho da atual administração. Aliás, ele não alivia: "O trabalho, assim, ficou muito aquém do marketing eficiente e agressivo da gestão anterior e mostrou-se pouco capacitado para gerir a marca Sport", escreveu.

O Sport também anunciou a saída do narrador de forma mais amena. "As pessoas passam, o clube fica”. O clube em momento algum criticou Júnior Viana. O projeto continua de pé. Nesta terça-feira, na partida Sport x América-MG, o narrador Gilson Fernandes, da Rádio Guarany, estará no comando da Rádio. "Vamos também convidar sempre um famoso torcedor rubro-negro gritar o cazá-cazá. Teremos sempre uma surpresa", afirmou o vice-presidente de marketing do Sport, Sidcley Vasconcelos.

Confiram os textos de Júnior Viana e do Sport sobre o caso:

A Carta do Sport Club do Recife

“As pessoas passam, o clube fica”. É apoiado nesta esta frase que o Sport Club do Recife informa aos seus torcedores que o profissional Júnior Viana não mais presta serviço à Rádio Ilha. O locutor entregou uma carta ao presidente Sílvio Guimarães informando seu desligamento.

Mas, ao contrário do que possa se pensar, isto não é o fim. É o começo de uma nova era, de um novo momento, de uma nova energia que surge na Ilha do Retiro. O projeto da Rádio Ilha nunca deixou de ser prioridade nas ações em que envolviam o departamento de marketing do clube. Pelo contrário. O que se vê é a utilização correta deste meio de comunicação que tanto enche de orgulho nós rubro-negros.

O glamour da Rádio Ilha sempre ira existir. O tradicional cazá - cazá não deixará de ecoar em dias de jogos. Durante o tempo em que esteve à frente da Rádio Ilha, Júnior Viana desempenhou seu papel de informador brilhantemente. Sempre levando informações e energia positiva para torcedores e jogadores.

Mas os tempos são outros e um novo profissional comandará a rádio em dias de jogos. Que venham as novas ideias e com elas uma nova energia que, com certeza, contará com todo o apoio da apaixonada torcida do Sport.

A Carta de Júnior Viana

Meus irmãos Leoninos:

É com imenso pesar com que venho comunicar à torcida rubro-negra que não faço mais parte da Rádio Ilha, estando automaticamente desvinculado do Sport Club do Recife. Tal atitude não foi fácil tomar e dói o coração nesse momento, por ter que quebrar uma corrente tão forte, tão vitoriosa, tão íntima com a grande nação rubro-negra. Mas, a vida segue…

A RÁDIO ILHA - Na verdade a semente da Rádio Ilha foi plantada no centro do gramado da Ilha do Retiro, naquele Sport x Cruzeiro em 2007, onde Homero Lacerda emitiu nosso grito de guerra, surgindo assim a idéia de uma Rádio de Arena que fizesse aquilo e muito mais em todos os jogos do Sport, na Ilha.

Com a visão futurista do então vice de marketing do Sport, Carlos Frederico, o qual me fez o convite para a criação de uma Rádio de Arena, de pronto aceitei encabeçar o projeto como locutor, tendo também o DJ Beto Holder como integrante e pessoa de suma importância no sucesso do empreendimento.

Com postura profissional e ao mesmo tempo incorporando o ritmo da galera, a Rádio Ilha logo caiu nas graças da torcida. Músicas, hinos do Sport e uma locução leonina, fizeram deste projeto um dos mais importantes da história do clube. A Rádio Ilha estava consolidada.

O APOGEU - Na Copa do Brasil 2008 a Rádio Ilha fez seu nome e assombrou o país, unificando o tradicional cazá, cazá, onde toda a Ilha do Retiro emite o grito de guerra do Sport, mandando pro time energia positiva e pro adversário um sentimento de caos. Vários times tremeram com o cazá, cazá da Ilha do Retiro, que o diga o Corinthians, na final da Copa do Brasil 2008.

Mas antes da final, um jogo ficou marcado: aquele Sport x Inter, onde após virarmos pro segundo tempo com placar adverso, mandamos palavras de força e garra pelas potentes caixas de som da Rádio Ilha, com os atletas ouvindo a tudo, abraçados no gramado. Deu certo, o Sport vencera o Inter, com a força da galera e a interatividade da Rádio Ilha com o time.

A GRANDE JOGADA - Veio a Libertadores da América e times como LDU e Colo Colo tremeram na Ilha. O poder do cazá, cazá assustou tanto que o Palmeiras, em jogo decisivo, trouxe embaixo do braço um documento da Conmebol, proibindo a Rádio Ilha de funcionar. Mas, como numa jogada de craque, driblamos a proibição e junto com a Rádio Transamérica emitimos nosso grito de guerra. A Ilha estava sintonizada em 100%. A Transamérica jamais imaginou ter toda uma Ilha ligada nos 92,7 FM. Uma rádio de arena dando audiência total a uma das maiores emissoras do Brasil.

A Rádio Ilha tornou-se assunto em todo país, vários programas esportivos em rede nacional mencionaram a importância e o ineditismo do projeto, exclusivo do Sport Club do Recife. Vários outros clubes tentaram copiar, sem sucesso. Nada no futebol poderia dar tão certo quanto o casamento entre a Rádio Ilha e a torcida rubro-negra. Além do cazá, cazá, outra apoteótica performance marcou as transmissões da emissora: a escalação do time. A cada atleta anunciado, a galera, puxada pela Torcida Jovem, grita o nome do jogador. Isso obviamente emociona o atleta, o enche de energia. Faz o sangue ferver!

O CAZÁ, CAZÁ – Nosso grito de guerra tornou-se o maior do planeta. Nenhum time que enfrenta o Sport fica tranqüilo quando nosso cazá, cazá é emitido em uníssono no estádio. A Rádio Ilha conseguiu transformar o tradicional grito numa arma letal para o emocional de qualquer visitante da ‘Ilha de Lost’. Além disso, a famosa cornetinha, junto com a puxada e toda galera gritando, saiu do estádio e foi para os toques de celular e até os joguinhos de Game Station. O cazá, cazá da Rádio Ilha tornou-se algo impressionante, avassalador, apaixonante e forte. Nenhum outro clube conseguiu tal feito. O nosso potente grito de guerra virou cartão postal quando o assunto é futebol: “Gritar o cazá, cazá na Ilha do Retiro está entre as 10 coisas que você tem que viver num estádio de futebol”. Disse um grande portal de internet de São Paulo.

O FIM DA LINHA - Quando da mudança de gestão no Sport, ficamos apreensivos com o futuro da Rádio Ilha, pois não tínhamos idéia de como seria a visão de Marketing a partir de então. Carlos Frederico, vice de marketing, deixou o clube. Eis que uma nova equipe assumiu o setor, que passou a contar com um novo vice-presidente. O trabalho, assim, ficou muito aquém do marketing eficiente e agressivo da gestão anterior e mostrou-se pouco capacitado para gerir a marca Sport, bem como dar continuidade às grandes obras implantadas por Carlos Frederico. Sem nenhum novo projeto que otimizasse a Rádio Ilha, ignorando totalmente o projeto e ainda interferindo de forma inadequada, o novo marketing do Sport nada acrescentou àquilo que já estava consolidado. Diante de ações promocionais visando apenas os ganhos de comissões por parte da agência e de determinações incoerentes por parte da citada vice-presidência, logo tive a visão que minha trajetória à frente da Rádio Ilha estava chegando ao fim. “Meteram o dedo e azedaram o pirão”.

Diante dos problemas citados, de um certo autoritarismo de alguns, da vaidade e da politicagem de outros – e muito mais: diante da não valorização do meu trabalho – deixo a Rádio Ilha. Lamento profundamente a tudo isso e sentirei saudades. Quero agradecer a todos pelo respaldo: a Milton Bivar, Carlos Frederico, DJ Beto Holder, aos técnicos da equipe de som e principalmente a você, rubro-negro. Agradeço também ao presidente Sílvio Guimarães por manter o projeto vivo, apesar da visível incapacidade daqueles que foram nomeados para gerir o nosso marketing. E por falar em Sílvio Guimarães, peço a todos que o ajudem, ele está lutando pra botar o Leão de volta à série A. Sílvio deve ser respeitado como um grande rubro-negro. Seu pai, Haroldo Praça, é um ícone na história do Sport.

Saio da Rádio Ilha, mas não saio do ar. Estaremos juntos diariamente no Programa do Leão, na Rádio Capibaribe. Na Ilha, continuarei a ir como sócio, como torcedor e também como profissional de imprensa, no cumprimento do dever jornalístico. E em dias de jogos, voltarei às arquibancadas. Vou matar a saudade do passado, quando via o Sport por fora: um Sport lindo, apaixonante e LIMPO.

Obrigado, rubro-negros, pelos tantos ‘cazá, cazá’, gritados em nossa Ilha do Retiro. Obrigado por essa grande oportunidade. A emoção de comandar essa gigante orquestra (a torcida rubro-negra) é impagável. Faz bater mais forte o coração…

Salve a Rádio Ilha e Pelo Sport Tudo!

Postada por Gabriel Diniz


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