O Edifício dos Suicidas na Rua Sete de Setembro (Recife)


O texto abaixo foi enviado pela Jornalista Jaqueline Couto, uma profunda conhecedora das histórias de assombração. Ela está entre os autores do livro com impressionantes contos de horror sobre o Recife que será lançado em breve. Mas vamos ao relato mandado por Jackie...

Minha amiga Renata à amiga levou um super susto num edifício da Rua Sete de Setembro, no Centro do Recife. Muitos são os prédios com fama de assombrados pelas bandas do centro. São inúmeros os relatos onde ocorrem tantos espectros de crianças, mulheres, velhos ou algo aterrorizante como cenas de assassinatos ou suicídio, como o que será narrado aqui. Talvez seja por isso que haja tanta visita do outro lado. Quem sabe para nos lembrar que eles não esquecem o que lhes aconteceu, e, que, por isso, não devamos esquecer também. Mas deixa Renata falar:

Isso aconteceu numa tarde depois do cursinho, em 1996. Eu e minha amiga Rebeca tínhamos muita coisa para estudar, e como ela não havia ido ao colégio nesse dia, resolvi repassar as matérias para ela naquela tarde, após as aulas. Combinamos que íamos almoçar na casa dela e, assim que saí do curso fui logo pra lá, já que estava morta de fome.

Nunca gostei do prédio em que ela mora. Apesar de ser na cidade, perto de tudo, algo lá não me agrada. Acho que é que é pela fama que ele tem. Mais de dez pessoas já se jogaram do último andar, e caíram dentro do próprio edifício, uma vez que a estrutura é vazada, ou seja: o local foi construído para que o meio fosse um grande jardim de inverno.

Bater de portas, barulhos estranhos, gemidos, vultos e medo rondam aquele lugar. Cansei de ouvir, na casa de minha amiga, alguém bater na porta e, quando íamos atender, não havia pessoa alguma. Sempre tenho a impressão que algo me espreita atrás de cada porta. Quando o elevador chega, geralmente tomo um susto daqueles. Nesse dia em especial, parece que as sensações estavam à flor da pele. Eu jurava que podia sentir até as respirações atrás das paredes, principalmente das que estavam sem moradores.

Pois bem, eu estava esperando o elevador chegar quando ouvi um grito e um baque surdo, como se algo se espatifasse no chão. Um gemido quase inaudível, pedindo dizia o seguinte: “Me ajuda... Dói muito... Dói...”. Meu sangue gelou e meu coração pareceu querer sair pela boca. Pensei: “Ai, meu Deus... Faça com que não seja um suicida... Não vou aguentar ver isso...”

Mas algo me puxava para ver o que era. Quando olhei para o chão, lá estava uma enorme poça de sangue. Eu ia começar a gritar para avisar que alguém tinha se jogado quando percebi que não havia gente ali. Ninguém estava no chão. Ninguém se matou... O sangue foi sumindo, como se estivesse sendo apagando de uma pintura. Meus cabelos da nuca se arrepiaram. Tive o impulso de chorar, e foi o que fiz, correndo em disparada pelas escadas até o andar dela. Eu não consegui esperar o elevador chegar. Não sei o que poderia estar dentro...

Cheguei esbaforida no andar de Rebeca. Quando ela abriu a porta, depois de eu ter esmurrado até machucar minhas mãos, caí desmaiada nos braços dela. Acordei e contei o que havia visto. Ela me abraçou e não disse coisa alguma. Pedi que me levasse para casa. Dona Luciana, a mãe dela, havia chegado do trabalho e também ouviu a história toda. Foi ela quem me levou até meu apartamento, no Derby. Nunca mais tive coragem de ir à casa de Beca. O medo que senti, a visão apavorante daquele sangue, os sussurros dizendo que algo doía. Não. Nunca mais. Nossa amizade continua, e , agora, é ela quem frequenta minha casa sempre. É mais seguro...

Publicado no Assomblog, de Roberto Beltrão

Postado por Adriano Oliveira

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