
Conciliação. Essa é a marca de Tancredo Neves na política. A cientista política Maria Celina Soares D'Araújo, professora da PUC Rio, ressalta que o perfil negociador se destaca sobretudo pela época em que o ex-presidente viveu. "Tancredo era um negociador hábil, no sentido nobre da palavra. Sabia lidar com a diferença, administrá-la e chegar às soluções. É uma grande marca dele num tempo em que o Brasil era intolerante. Tancredo foi uma das poucas figuras que não pregaram golpe de Estado nos anos 1950 e 1960, quando era comum políticos de todos os partidos enxergarem na intervenção militar a saída para os impasses", afirma.
Identificado por ela como liberal democrata, Tancredo teria sido coerente ao manter por toda a vida um posicionamento de centro, o que lhe permitiu selar um aliança tão ampla para vencer a eleição do Colégio Eleitoral, incluindo todos os partidos de oposição, com exceção do PT, e um candidato a vice-presidente, José Sarney,que havia sido cotado para a chapa da situação, encabeçada por Paulo Maluf.
O homem que costumava dizer que era o primeiro nome a ser lembrado nos momentos de tempestade era um defensor do Estado de direito. "Alguns dizem que Tancredo Neves não tinha ideologia, por não ser um homem de esquerda ou de direita. A ideologia dele era a de manter o Congresso funcionando, defender a regra democrática contra os modelos autoritários. São valores importantes que muitos homens públicos abandonam sob o argumento de estarem empunhando um posicionamento político-partidário", analisa Maria Celina.
Para a cientista política, se Tancredo tivesse tomado posse, o país teria evoluído mais rápido. "A grande frustração é a de que, com ele na presidência, teríamos andado mais depressa do ponto de vista das políticas sociais, porque Tancredo Neves, apesar de não ser considerado perigoso pelas Forças Armadas, não se sentiria pressionado pelo antigo regime, como aconteceu com José Sarney", diz a cientista política, também autorade vários livros que abordam o regime militar.
Lembrança - A imagem que ficou na memória dos brasileiros foi a do primeiro civil a ser eleito presidente com o fim do regime militar, mas o historiador Rodrigo Patto Sá Motta, professor da UFMG, lembra outras imagens públicas de Tancredo que acabaram se apagando com o decorrer do tempo, substituídas pela do presidente que não chegou a tomar posse. "Nos anos 50, a imprensa veiculava imagens mais polêmicas, associando Tancredo a Getúlio e, nos anos seguintes, a João Goulart, o que não era bem visto pelos setores mais conservadores, incluindo os militares", acentua o pesquisador, embasado nas pesquisas feitas para os livros Jango e o Golpe de 1964 na caricatura e Em guarda contra o perigo vermelho. "Mesmo com posições moderadas como as dele, em alguns momentos da história, Tancredo foi visto com desconfiança por setores conservadores.
Nos anos 50, incomodava o fato de ser uma das pessoas mais fiéis a Vargas, que ficou ao lado dele até os últimos momentos. Depois, tentaram queimar a imagem dele, por ser conselheiro político de Goulart. Não à toa, sofreu o risco de ser cassado com o golpe de 64 e acabou optando por um partido de oposição aos militares, filiando-se ao MDB", explica.
Por Patrícia Aranha
Identificado por ela como liberal democrata, Tancredo teria sido coerente ao manter por toda a vida um posicionamento de centro, o que lhe permitiu selar um aliança tão ampla para vencer a eleição do Colégio Eleitoral, incluindo todos os partidos de oposição, com exceção do PT, e um candidato a vice-presidente, José Sarney,que havia sido cotado para a chapa da situação, encabeçada por Paulo Maluf.
O homem que costumava dizer que era o primeiro nome a ser lembrado nos momentos de tempestade era um defensor do Estado de direito. "Alguns dizem que Tancredo Neves não tinha ideologia, por não ser um homem de esquerda ou de direita. A ideologia dele era a de manter o Congresso funcionando, defender a regra democrática contra os modelos autoritários. São valores importantes que muitos homens públicos abandonam sob o argumento de estarem empunhando um posicionamento político-partidário", analisa Maria Celina.
Para a cientista política, se Tancredo tivesse tomado posse, o país teria evoluído mais rápido. "A grande frustração é a de que, com ele na presidência, teríamos andado mais depressa do ponto de vista das políticas sociais, porque Tancredo Neves, apesar de não ser considerado perigoso pelas Forças Armadas, não se sentiria pressionado pelo antigo regime, como aconteceu com José Sarney", diz a cientista política, também autorade vários livros que abordam o regime militar.
Lembrança - A imagem que ficou na memória dos brasileiros foi a do primeiro civil a ser eleito presidente com o fim do regime militar, mas o historiador Rodrigo Patto Sá Motta, professor da UFMG, lembra outras imagens públicas de Tancredo que acabaram se apagando com o decorrer do tempo, substituídas pela do presidente que não chegou a tomar posse. "Nos anos 50, a imprensa veiculava imagens mais polêmicas, associando Tancredo a Getúlio e, nos anos seguintes, a João Goulart, o que não era bem visto pelos setores mais conservadores, incluindo os militares", acentua o pesquisador, embasado nas pesquisas feitas para os livros Jango e o Golpe de 1964 na caricatura e Em guarda contra o perigo vermelho. "Mesmo com posições moderadas como as dele, em alguns momentos da história, Tancredo foi visto com desconfiança por setores conservadores.
Nos anos 50, incomodava o fato de ser uma das pessoas mais fiéis a Vargas, que ficou ao lado dele até os últimos momentos. Depois, tentaram queimar a imagem dele, por ser conselheiro político de Goulart. Não à toa, sofreu o risco de ser cassado com o golpe de 64 e acabou optando por um partido de oposição aos militares, filiando-se ao MDB", explica.
Por Patrícia Aranha