DESESPERO


A DOR DE UMA MÃE PELO
DESAPARECIMENTO DE UM FILHO


Jackson, dois anos, está desaparecido há 24 dias. Ontem, a mãe foi ao IML. Viu um corpo de criança carbonizado, mas não reconheceu. Ela aguarda o exame de DNA.

O corpo carbonizado de um menino, aparentando ter cerca de três anos, foi encontrado no final da manhã de ontem em um canavial da fazenda Espinho Preto, localizada na Zona Rural de Timbaúba, município da Mata Norte de Pernambuco. Existem suspeitas de que a criança seja Jackson Francisco Regis da Silva Santos, de 2 anos e 7 meses, que desapareceu a cerca de 2,5 quilômetros daquele local, há 24 dias. A mãe de Jackson, a dona de casa Márcia Cláudia dos Santos, 43, se dirigiu na tarde de ontem até o Instituto de Medicina Legal (IML), no Recife, para tentar reconhecer o corpo do menino, mas não conseguiu.

“Ele está muito inchado e queimado. Não tive como reconhecer. Espero que não seja o meu filho. Mas se for, isso só aconteceu porque eu sou pobre”, comentou Márcia, em meio a muitas lágrimas. A mulher acusou os policiais civis e militares e a equipe do Corpo de Bombeiros, que foram ao local do desaparecimento, de não terem feito uma busca da criança no canavial e em uma mata que fica nas proximidades. “Eles foram lá, fizeram uma busca, procuraram no açude, mas não quiseram entrar no canavial e na mata. Eu tinha certeza que meu filho tinha ido naquela direção. Pedi para eles entrarem comigo, mas disseram que não tinha condições. Se eu fosse rica isso não aconteceria”, comentou a mulher.

O IML fará um exame de DNA na criança e em Márcia dos Santos para tentar confirmar se o menino encontrado é mesmo o Jackson Regis. O Instituto ainda entrará em contato com a mulher para marcar a coleta de seu sangue. Também serão feitos exames no corpo encontrado para identificar a causa e o tempo da morte.

O corpo da criança foi descoberto, por volta das 11h, um dia depois da queimada da cana-de-açúcar, no momento em que os cortadores estavam realizando a colheita. Caso o menino seja confirmado como Jackson, a probabilidade maior é de que ele tenha morrido já há algum tempo. “Ele pode ter sido queimado depois que morreu. Mas ainda tenho esperança de ser outro menino”, comentou Márcia.

Jackson Francisco Regis desapareceu no dia 2 outubro, no momento em que sua mãe, junto com o genro e os outros quatro filhos estavam realizando a colheita de feijão, fava e jerimum, em uma plantação na Fazenda Espinho Preto. A criança sumiu depois que um homem, aparentando ter cerca de 50 anos, passou pelo local e conversou com Márcia, perguntando detalhes sobre sua família. O pequeno Niningue, como é carinhosamente chamado pela família, estava brincando com os irmãos. Duas meninas, uma de cinco e outra de oito anos, e dois meninos, um de onze e outro de quatro anos.
Este último, que é portador de doença mental, foi o único a afirmar que o menino foi levado por um senhor montado num cavalo.

Há suspeitas de que o caso possa se tratar de um rapto mediante extorsão, já que chegaram a ligar para Márcia pedindo R$ 2 mil pela criança. Segundo a mulher, ela tem uma indenização a receber pela morte do seu marido. “Me ligaram por diversas vezes passando trote, mas depois pararam. Não deram mais notícias”, comentou. Algumas pessoas chegaram a ser detidas como suspeitas do sequestro, mas foram liberadas por falta de prova. Dentre elas, um homem, de cerca de 50 anos, que teria comentado pela cidade que o garoto está bem. Segundo informações não oficiais, Márcia estaria devendo R$ 60 a esse homem.
Por Alexandre Ferreira

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