Uma aeronave que deveria fazer escala em Florianópolis, em Santa Catarina, na tarde desta terça-feira (17), cancelou o pouso e acabou descendo apenas em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. O motivo: um vidro rachado na cabine de comando.
O episódio causou transtorno, principalmente no desembarque dos passageiros no aeroporto Salgado Filho, na capital gaúcha, que questionaram o perigo em voar nessas condições.
O voo 5818 da companhia Webjet deixou o aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, por volta das 15h30, com 70 passageiros. Antes de chegar a Florianópolis, o comandante verificou o problema e comunicou todos a bordo que faria o pouso diretamente em Porto Alegre, onde aterrissou às 17h47.
A aeronave foi encaminhada à manutenção, e os passageiros que deveriam desembarcar em Santa Catarina foram acomodados em um outro voo, que deixou Porto Alegre por volta das 20h.
Segundo informou a companhia, é raro um vidro trincar, entretanto, é um material exposto a variações acentuadas de temperatura, pressão e até impacto. A reportagem procurou a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) para comentar a frequência desse tipo de ocorrência nos voos comerciais, mas até a publicação dessa matéria o órgão não havia dado retorno.
"Dois ou três casos"
Um piloto comercial de uma grande companhia, afirmou que esse tipo de problema é muito raro. "Fiquei sabendo de uns dois ou três casos de vidros trincados em dez anos de profissão", disse, sob a condição de anonimato.
Segundo o profissional, o material dessas peças é muito resistente e, além de tudo, há uma série de procedimentos de emergência a serem tomados pela tripulação, dependendo de cada tipo de dano. "Esses vidros têm ligas metálicas e são construídos para resistir até a impactos."
Em caso de uma quebra total da peça, pode ocorrer a de despressurização da aeronave, obrigando a um pouso de emergência. Porém, conforme o piloto, são raros no Brasil problemas estruturais nas aeronaves.
O mais comum, diz, são maus funcionamentos de partes eletrônicas. "O avião funciona basicamente como nosso computador em casa. Quando necessário, alguns módulos eletrônicos precisam ser reiniciados. Mas são operações corriqueiras."
O especialista afirma ainda que, em casos de emergências, é difícil um acidente ser causado apenas por um problema, mas, sim, por uma sequência de erros, de mecânicos a eletrônicos e humanos.