O poder das palavras

Por Téta Barbosa

Uma palavra, colocando o ditado popular de cabeça para baixo, pode valer mais que mil imagens.


Às vezes elas, as palavras, vêm juntas, de mãos dadas, formando frases e poesias.


Às vezes, sozinhas mesmo, carregando o peso do mundo.


A palavra ditadura, por exemplo, não é maracatu mas pesa uma tonelada. E carrega mais imagens do que nosso repertório imagético é capaz de armazenar.


Sozinho
é um verbete tão solitário que nem precisa de dois pontos pra explicar a que veio. Basta um ponto final depois delo que a gente já entendeu o resto do parágrafo inteiro.


Gosto muito de palavras, principalmente as felizes.


É quase impossível, por exemplo, colocar  algodão-doce no meio de uma frase triste. Basta jogar ela ali, no meio da história, que o enredo fica, automaticamente, cor-de-rosa e saltitante de alegria. Grama, abraço, livraria, pipa, nuvem e samambaia são também palavras normalmente felizes. É raro ver uma nuvem de tpm ou uma samambaia no meio de uma tragédia.


Assim como as pessoas, algumas palavras não se dão bem umas com as outras. Tipo; alguém já conseguiu juntar borboleta e futebol da mesma sentença?  Elas não têm nada uma contra a outra, é só falta de afinidade mesmo.


Honestidade
e hipocrisia, apesar de começarem com a mesma letra, foram separadas no parto e dificilmente se juntam para formular uma ideia única. A não ser, claro, que uma esteja falando mal da outra (coisa muito comum nessa época de redes sociais e reality shows).


Tem palavra não deveria, nunca, (por contradição ideológica) vir junto de outra, mas vira e mexe e elas se encontram no mesmo texto. Quando isso acontece, o final quase sempre é trágico. Veja beijo e traição.

Não seria melhor elas estarem em livros diferentes?


Minhas preferidas são as palavras que enfeitam como delicioso, interessante, otimista, calmo e alto.

Gosto de palavras altas.


Tem palavras que chamam mais palavras, é o caso de  inclusive. Basta você colocar um inclusive no meio do pensamento, seguido de uma vírgula, e continuar falando (ou escrevendo) como se não houvesse amanhã.

Ela pode também enfatizar, como poucas, um pensamento.


- Eu quero te beijar, inclusive.


Minha filha, esse inclusive aí, quer dizer tanta coisa que nenhum ponto parágrafo de meia tigela é capaz de explicar. Nem imagem. Acho que é justamente por isso que adoro  inclusives.


Algumas palavras, por mais que seu significado sejam bonitos, vêm acompanhadas de palavras feias. É o caso de  amigo quando vem seguido de decepção.


É triste juntar verbetes assim, onde um enfeia o outro.


Queria conseguir escrever só com as palavras bonitas, as alegres e verdadeiras. Mas aí, a frase não ia fazer sentido algum. Então tento, na maioria das vezes, juntá-las de maneira que amenizem o estrago.


Nem sempre consigo!

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