Capitão Temudo apresenta falha estrutural menos de um ano após inauguração

Por Mariana Dantas

Cerca de oito meses após ser inaugurado, o viaduto Capitão Temudo, uma das principais vias de ligação entre as zonas Norte e Sul do Recife, já apresenta problemas. Esse período é muito curto, se comparado aos quase quatro anos que a população teve que esperar para ver a obra de alargamento do viaduto concluída. Vale lembrar também que foram investidos R$ 43 milhões (12 a mais que o projeto inicial) na intervenção. A falha na obra, identificada pela reportagem, está na junção entre a estrutura antiga do viaduto e as duas novas faixas construídas, exatamente no trecho onde embaixo está a linha do metrô.

As duas novas faixas apresentam um desnível em relação à estrutura antiga. A diferença de nível pode ser observada com facilidade por quem trafega no viaduto, basta prestar atenção na "emenda" entre as faixas antigas e novas. Os dois sentidos do viatudo apresentam desnível, porém o lado pior é o do sentido Centro/Zona Sul, que possui cerca de 5 cm. Um risco para os motoristas que trafegam no local, principalmente para os motociclistas, que podem perder o controle do veículo ao mudar de faixa. Segundo especialistas, o problema não é tão grave a ponto de comprometer a estrutura do viaduto, porém precisa ser corrigido.




O professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco (IFPE), especilista em engenharia de estrutura e também presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Pernambuco (Crea-PE), José Mário Cavalcanti, afirmou que o desnível, que tecnicamente é chamado de flecha, pode ter sido provocado pela deformação da viga metálica utilizada no trecho. "Toda viga metálica sofre uma deformação natural, mas que deve ser imperceptível. Mas para isso, a altura mínima da viga deve ser respeitada. Nesse caso, como a deformação foi muito grande, acredito que pode ter ocorrido erro no cálculo dessa altura mínima. Mas não posso afirmar, já que não vi o projeto", explicou o professor José Mário.

A viga metálica, que possui cerca de 10 metros de extensão, foi uma alternativa utilizada pelos técnicos da Prefeitura do Recife para solucionar uma incongruência de projeto identificado durante a obra de ampliação do viaduto, em 2009. O proposta inicial não previa que a nova parte do Capitão Temudo, se fosse construído de acordo com o projeto, acabaria bloqueando a passagem do metrô.


A prefeitura decidiu então substituir, somente no trecho por onde passa a linha do metrô, a viga de concreto armado pela viga com estrutura de aço, que possui uma altura menor. "A alternativa foi correta, já que a viga metálica é um pouco mais estreita do que a de concreto. Porém, a deformação foi instantânea e muito grande, o que foge do esperado", explicou o professor.

José Mário disse ainda que nos primeiros meses, a deformação é sempre maior, já que a estrutura está se adequando a carga recebida, neste caso o peso dos carros. "Acredito que a deformação vertical tende a dimimuir nos próximos meses, mas precisa ser corrigida porque oferece risco aos motoristas. Uma solução seria pavimentar a área, nivelando novamente o viaduto. Entretanto, a prefeitura deve monitorar constantemente a área", disse.

Ilustração: Keziah Costa

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