Preso foge do DHPP usando “teresa”

Por Bárbara Franco

Utilizando-se de um plano simples, um acusado de homicídio conseguiu escapar da cela que estava no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), na Imbiribeira, Recife. Josenildo Emídio da Silva, o Neguinho, de 41 anos, usou uma corda popularmente conhecida como “teresa” para escapar da prisão. Ele forçou a grade da janela, que dá acesso a via pública, e desceu de uma altura de cinco metros pendurado por dois pedaços de pano e um cinto, que estavam amarrados entre si. Os policiais do DHPP só perceberam a fuga por volta das 5h. Este é o segundo caso de fuga do departamento investigado pela Corregedoria da Secretaria de Defesa Social (SDS). Até o fechamento desta edição, o acusado ainda não havia sido recapturado. A polícia investiga a participação dele num grupo de extermínio da Região Metropolitana do Recife.

No período da madrugada, o DHPP conta com as três Forças Tarefas e mais dois policiais. Esses últimos não saem da permanência, onde está o acesso operacional da unidade, o qual corresponde a um portão vazado e que fica na mesma direção que Josenildo teve que saltar da janela. O gestor do DHPP, Joselito Kehrle, afirmou que os servidores que estavam de plantão durante o incidente serão ouvidos pelo delegado designado pela Corregedoria da SDS para investigar o caso.

“Temos que ver se houve participação de algum funcionário público na fuga desse homem, mas todas essas apurações ficarão por conta da Corregedoria. O horário que isso aconteceu, a forma de ação, e todo o resto será investigado, mas qualquer informação dada a respeito disso poderá servir de álibi para o foragido. Hoje a polícia se debruça no sentido de capturá-lo”, afirmou. A SDS afirmou que a Corregedoria só irá se pronunciar no final do inquérito, que deve ser em 30 dias.

Josenildo seria apresentado à Imprensa ontem e, em seguida, levado para o Centro de Triagem de Abreu e Lima. Ele é apontado como o assassino do publicitário Ricardo José Braz de Souza, morto a tiros na frente da casa em que vivia, no bairro do Ibura de Baixo, Recife, no dia 13 de abril desse ano. A família da vítima está temerosa com a fuga de Josenildo. O advogado criminalista Eugênio Maciel Chacon afirmou que irá solicitar do Estado a proteção aos parentes da vítima e testemunhas do crime. “A família já vinha sofrendo ameaças e agora está com muito medo. O mesmo acontece com as testemunhas que reconheceram Josenildo durante as diligências do caso”, afirmou o advogado. A prisão de Josenildo aconteceu no dia 8 de agosto desse ano, em Carpina. Naquele momento, a Justiça expediu o mandado de prisão temporária com duração de 30 dias, que foi renovado por mais 30.

Durante todo esse tempo ele esteve no DHPP sob sigilo, porque as investigações ainda continuavam para encontrar o mandante do crime. Antes que a medida cautelar chegasse ao seu vencimento, a Justiça concedeu o mandado de prisão preventiva para o suspeito. O titular da 3ª Delegacia de Homicídios, Igor Leite, informou que o executor recebeu R$ 6 mil para realizar o crime. Josenildo é considerado um fugitivo de alta periculosidade. “Esse ho­mem que fugiu é um criminoso que possui antecedentes por roubo e que praticou um homicídio bárbaro, mediante pagamento, por mero interesse patrimonial. Então é um indivíduo certamente perigoso”, alertou o delegado. A Polícia mantinha o caso em sigilo porque ainda busca a motivação do crime. “A polícia continua as investigações com o intuito de chegar ao mandante e elucidar esse crime”, complementou.

A última fuga registrada no DHPP foi em setembro de 2008 quando Adriano Vidal de Freitas, que é suspeito de assassinar a auditora da Receita Federal Jacira Dulce Xavier, de 55 anos, escapou das dependências do departamento. O crime ocorreu no dia 19 de agosto daquele mesmo ano. Na época, o detento havia conseguido fugir depois de destrancar a fechadura da cela em que estava. Ele foi recapturado em 2009.

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