Centenas de integrantes de cinco movimentos populares ocuparam, ontem, no Dia Mundial do Habitat, o antigo prédio da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), localizado na avenida Sul, bairro de São José. De acordo com os responsáveis pelo movimento, a ideia é chamar a atenção para os prédios sem utilidade, que contrastam com a imensa quantidade de famílias que não tem condições favoráveis de habitação no Estado. Mesmo com o alerta dado pelos representantes da Conab, pois o prédio, desocupado há 20 anos, apresenta riscos de queda, os manifestantes decidiram permanecer, inclusive, em reunião, ficou decidido que cada movimento ocupará um andar do edifício, e, a partir de hoje, eles deverão providenciar a limpeza do espaço e a ligação de água e luz.
Segundo um dos líderes do movimento, Paulo André, uma comissão representará, hoje, o grupo em Brasília com o intuito de marcar uma audiência a presidente da República, Dilma Rousseff. Dentro da pauta de reivindicações, está a retomada do Fundo Nacional de Interesse Social (Fnis). “Nós descobrimos que existe um déficit de sete milhões de famílias sem moradia e cinco milhões de prédios ociosos no Brasil. É necessário que haja uma sensibilidade maior por parte do poder público, para que ele seja o garantidor e não o violador dos nossos direitos”, destacou.
Entre os ocupantes, está o reciclador Luiz Francisco Martins, 54. “O Governo está gastando ‘rios’ de dinheiro com essa história de Copa do Mundo, para depois o estádio ficar lá, sem utilidade. Enquanto isso, o pobre é que fica prejudicado”. “Já que este prédio está há tanto tempo aí sem ser ocupado, eles bem que poderiam nos ceder. Pois a gente mesmo podia reformar e pagar as contas de água e luz”, afirmou o ajudante de pedreiro Orlando Erasmo de Lima Neto, 25.
Ainda ontem, representantes da Conab estiveram no local, e alertaram aos ocupantes quanto ao risco que o prédio apresenta. Segundo a gerente de Administração e Finanças da Conab-PE, Marília Cristina Barreto, existe desde o mês de dezembro do ano passado, o mais recente laudo da Defesa Civil, que indica que a edificação apresenta sérios riscos de desabamento. Ela enfatizou, ainda, que o órgão está cedendo o prédio para o Governo do Estado. “Este mesmo prédio já foi ocupado em 2008 e em junho de 2009 foi concedida a reintegração de posse. Porém, a nossa maior preocupação é quanto ao risco que essas pessoas estão correndo, pois o espaço não apresenta nenhuma condição para ser habitado”, ressaltou Marília, assegurando que o órgão irá solicitar, mais uma vez, a reintegração de posse do prédio junto à Justiça.
Da Folha Digital