Flanelinha preso volta a trabalhar no Centro

Três dias após o flanelinha Fabrício Barros de Souza, 21 anos, o "Conrado", acusado de extorquir dinheiro de um policial na última terça-feira (23), ser solto, o clima na Rua da Moeda, no bairro do Recife, área central da cidade, na manhã desta segunda-feira (29), é de alegria - pela volta do rapaz -, e revolta -, pelo acontecido.

Muito esperavam o guardador de carros com ansiedade. Ele havia marcado um encontro com o advogado que o representou, Pedro Eurico, na mesma área em que atua - na Rua da Moeda -, às 9h, mas só compareceu duas horas depois do combinado, tímido e visivelmente desconfortável com a presença de tanta gente que o aguardava.

O tempo todo Fabrício agradecia por ter sido solto. "Não tem nada melhor para o ser humano do que a liberdade. Nem um passarinho quer ficar preso em uma gaiola", foram as primeiras palavras dele.

Segundo o jovem, o caso não passou de um mal entendido. "Eu estava lavando o carro e vi um cidadão colocar o carro dele em cima da faixa com outro flanelinha, então eu fui lá avisar que ele ia ser multado. Acho que ele não entendeu o que eu queria dizer e agiu daquela forma comigo, me desmoralizando. Eu não tinha nada a temer e concordei ir até a delegacia para esclarecer as coisas. Então quando cheguei no posto ele contou a versão dele e foi quando me prenderam. Cheguei até a levar um tapa no rosto", disse.

Apesar do ocorrido, o rapaz disse não sentir nenhum tipo de revolta e falou que o que mais deseja no momento é arrumar um bom emprego. "Eu queria virar celebridade jogando bola e não dessa forma. Não entendo como uma pessoa pode prejudicar tanto a outra assim na cara de pau, eu fiquei conturbado, senti raiva na hora, mas passou. O que eu mais quero agora é um trabalho para poder seguir com a minha vida."

OUTRA VERSÃO - Segundo o outro flanelinha envolvido, que não quis ser identificado pois afirmou já ter passagem pela polícia, a discussão teria contecido porque Fabrício queria o dinheiro da vaga porque já atuava na área há mais tempo. Apesar disso, o rapaz disse que em nenhum momento o jovem desacatou o policial. As agressões teriam partido do próprio agente.

INSEGURANÇA - A revolta entre os companheiros de trabalho do flanelinha, comerciantes e trabalhadores da região é ponto em comum. O proprietário de uma lanchonete da localidade, que pediu para ter a identidade preservada, se queixa da noite do Recife Antigo.

"Antigamente era um orgulho dizer que tínhamos o Recife Antigo e toda essa cultura como nossa. Hoje em dia a droga e a violência rolam soltas. Onde está a delegacia de turismo do bairro? Aqui tem apenas um posto policial que não funciona 24h, e durante a noite é que as coisas acontecem. A marginalidade da noite é o que temos que banir daqui", disse o comerciante.

Colega de trabalho de Fabrício, Salatiel de Oliveira atua há 16 anos no mesmo local, e conta que há os que fazem um trabalho correto e os que se aproveitam dos clientes. "O problema é que chega muita gente aqui de fora, que vem trabalhar de noite e cobra caro pra olhar os carros. São eles que sujam o nome da gente. Mas nem todo mundo que tá aqui é desonesto."

Do JC online

Postar um comentário

Comente esta matéria

Postagem Anterior Próxima Postagem