As cúpulas das polícias Federal e Civil em Pernambuco classificaram como "fatalidade" o tiroteio que terminou com a morte do policial federal Jorge Washington Cavalcanti de Albuquerque, de 57 anos, um dos mais experientes no combate ao narcotráfico. O agente Sílvio Romero Moury Fernandes dos Santos, 40, levou um tiro no lado esquerdo do peito e está internado no Hospital da Restauração. O tiroteio entre policiais civis e federais aconteceu na manhã desta quarta-feira (5), na BR-232, na altura do bairro Curado, próximo à fábrica da Coral. Três civis confundiram os agentes federais à paisana com suspeitos e abriram fogo.
Poucos esclarecimentos sobre o tiroteio foram dados à imprensa, na tarde desta quarta, durante coletiva na sede da PF, no Recife Antigo. As autoridades disseram aos jornalistas que preferem esperar o desenrolar das investigações antes de fornecer mais detalhes sobre o caso.
Estavam presentes o secretário da Defesa Social do Estado, Wilson Damázio; o superintendente regional da PF, Marcelo Diniz Cordeiro, e o chefe da Polícia Civil em Pernambuco, Manoel Carneiro. Damázio, que é delegado federal, afirmou que não houve erros de gerenciamento na ação, mas disse, emocionado: "Com certeza, hoje é o dia mais triste da minha carreira policial". O secretário, que também conhecia Jorge Washington, está há 32 anos na polícia.
As investigações do ocorrido vão ficar por conta do delegado Renato Cintra, da delegacia de Defesa Institucuional da Polícia Federal. O chefe da Polícia Civil afirmou que a corporação vai atender todas as solicitações da PF.
Segundo Wilson Damázio, há dois meses, houve uma reunião entre o Departamento de Narcóticos de Pernambuco (Denarc) e a PF para delimitar as investigações sobre tráfico de drogas no Estado. O traficante preso, Wagner Alves do Nascimento, 24 anos, que provocou o tiroteio, é considerado um grande fornecedor de drogas na região. Ele estava vindo de Fortaleza e foi preso com dezessete quilos de pasta base de cocaína. "Pela importância, infelizmente as investigações acabaram se entrelaçando", explicou.
Será instaurado inquérito para apurar a responsabilidade da ação. Mais detalhes serão dados depois do resultado das perícias. De acordo com Manoel Carneiro, três policiais civis estavam na operação e usavam um carro da polícia descaracterizado. Pela parte da PF, eram apenas dois.
Não foi informada a data do enterro de Jorge Washington, que deixa esposa e duas filhas. O policial Sílvio Romero está fora de perigo.
O CASO - As duas polícias investigavam separadamente um grupo de traficantes. Wagner Alves desembarcou no TIP (Terminal Integrado de Passageiros) com a pasta base de cocaína. Os policias abordaram o suspeito quando este entrou em um táxi.
De acordo com o motorista do táxi, João Francisco de Farias, os policiais civis teriam iniciado o tiroteio. Além disso, quem socorreu os dois policiais federais feridos foi uma viatura da Polícia Militar. Os policiais civis teriam se retirado sem prestar atendimento aos colegas. As autoridades preferiram não comentar o assunto durante a coletiva.