Por Sérgio Montenegro Filho
Publicado no Blog de Jamildo
Postagem Gabriel Diniz
O último confronto entre os candidatos à Presidência da República nesta campanha, ontem à noite, na TV Globo, só não foi mais morno graças à mudança de comportamento da presidenciável do PV, Marina Silva, que assumiu uma postura de ataque aos concorrentes. O esperado embate entre Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) não aconteceu. Os dois mal se questionaram. Plínio de Arruda Sampaio (PSOL) manteve o estilo de debates anteriores, tratando todos de forma dura e irônica, insistindo que os concorrentes se comprometessem em suspender o pagamento da dívida pública.
Dividido em quatro blocos, o debate começou com candidatos fazendo perguntas entre si sobre temas determinados. Ao questionar Marina sobre a previdência social, Serra reforçou as principais promessas da sua campanha: aumento de 10% para os aposentados e salário mínimo de R$ 600. Plínio, ao falar sobre impostos, insistiu na taxação das grandes fortunas e isenção de ICMS sobre produtos populares. Indagado por Dilma sobre a política para o funcionalismo, ele a acusou de corroborar privatizações e terceirizações, prejudicando os servidores. E prometeu reestatizar as empresas privatizadas.
No segundo bloco, com perguntas de tema livre, Marina foi ao ataque. Primeiro, criticou a forma “fragmentada”, segundo ela, com que Dilma fala sobre suas propostas, afirmando que lhe falta visão estratégica. “Não é uma eleição para prefeitura, mas para a Presidência. É preciso ter visão abrangente”, disse. Num confronto com Plínio – que a desafiou a mostrar o palanque – Dilma afirmou que não pretende governar sozinha, e sim com uma coalizão de partidos que garanta a sustentação política. Acusada por Plínio de faltar com transparência nas doações de campanha, a ex-ministra se atrapalhou e disse que as “doações oficiais” eram todas declaradas à Justiça Eleitoral. Depois, corrigiu: “Todas as doações são oficiais”, se irritando com os risos que arrancou da plateia.
Abrindo o terceiro bloco, Marina prometeu manter o programa de habitação “Minha casa, minha vida”, criado pelo governo Lula, mas disse ser preciso incrementá-lo para que atinja mais a população pobre. E ao ouvir Serra enumerar ações que teria implementado em favelas quando governou São Paulo, reagiu: “Isso de tratar as coisas como passe de mágica precisa acabar. Visitei essas favelas e não vi nenhuma dessas ações”, disparou.
O confronto entre Marina e Serra se estendeu ao quarto bloco, quando a candidata verde cobrou do tucano que fizesse uma autocrítica por ter atacado o programa Bolsa-Família, do governo Lula, e agora prometer mantê-lo. Irritado, Serra voltou a afirmar que o Bolsa-Família tem inspiração nos programas sociais do governo FHC, do qual participou. “Criamos vários programas e o governo Lula juntou e expandiu”, explicou. “Não use sua régua para medir os outros, porque se eu usar a minha régua, direi que você e Dilma têm muito em comum, inclusive quando fizeram parte do governo do mensalão, por exemplo”, acrescentou o tucano.
Marina ainda fustigou os dois adversários afirmando que eles é que seriam parecidos, por ter visão apenas gerencial, e não estratégica. “Dilma coloca acertos e ganhos sem olhar para os novos desafios. Assim como Serra. Por isso o brasileiro olha cada vez mais para o meu projeto, e não quer entrar nesse mundo azul do Serra nem no mundo cor-de-rosa de Dilma”, arrematou.