Da Agência Estado
Postagem: Gabriel Diniz
O ex-cangaceiro, que adotou o nome de José Antônio Souto após deixar o bando, vivia em Minas havia 70 anos, para onde fugiu junto com a mulher, Jovina Maria da Conceição, conhecida com Durvinha - que faleceu em 2008, aos 93 anos. Moreno faria 101 anos em 1° de novembro e morreu vítima de insuficiência respiratória, segundo Neli Maria da Conceição, de 60 anos, filha do casal.
“Depois que minha mãe morreu ele ficou meio triste, depressivo. Estava muito fraquinho. Acabou ficando numa cadeira de rodas. Ultimamente, pedia muito que a mãe dele o buscasse porque não via mais sentido na vida dele”, disse Neli. “Ele morreu igual a um passarinho, sem sofrimento, sem nada”.
Moreno e Durvinha tiveram seis filhos. Na busca pelo irmão mais velho, Inácio Carvalho Oliveira, atualmente com 72 anos, que havia sido deixado pelo casal de cangaceiros em Tacaratu, Pernambuco, foi que Neli descobriu, em outubro de 2005, a verdadeira história dos pais. “Era um segredo dos dois, do meu pai e de minha mãe. Queriam que esse segredo morresse com eles. Eles ainda tinham medo de serem descobertos e mortos”.
O casal chegou a Minas no fim da década de 1930, fugindo dos ataques das forças federais que dizimou o grupo de Lampião - morto em 1938. Após quatro meses de fuga, margeando o rio São Francisco, eles se estabeleceram em Augusto de Lima. Adotaram novas identidades e prosperaram vendendo farinha. No fim da década de 1960, o casal se mudou para Belo Horizonte.
Durante o sepultamento, parentes e amigos assistiram a uma chuva de fogos de artifício. Foi um pedido de Moreno. “Porque ele nunca imaginou que teria o privilégio de ter uma cova. Sempre achou que ia ser morto, ter a cabeça cortada e ser comido por bichos no mato como os outros cangaceiros”, explicou Neli.
Segundo Neli, do bando de Lampião resta apenas uma ex-cangaceira que vive em Paulo Afonso, na Bahia. Ela tem 92 anos e foi identificada como “Aristéia”.