Homenageados do Carnaval do Recife


Por Júlia Veras Postagem: Gabriel Diniz

Um almoço no Mercado da Boa Vista oficializou a escolha dos homenageados da edição 2011 do Carnaval Multicultural do Recife. O prefeito João da Costa e alguns secretários dividiram a mesa com a artista plástica Tereza da Costa Rêgo e o Maestro Duda, escolhidos para serem celebrados durante a festividade do ano que vem.

Enquanto conversava com os artistas, o prefeito João da Costa afirmou que a escolha destes nomes é uma “questão de justiça” com a carreira dos dois. “Tereza é uma artista gráfica com uma longa carreira, com uma história importante para o Movimento de Cultura Popular (MCP). Já (o Maestro) Duda trouxe grandes contribuições para as orquestras do Recife. Então, nada mais justo do que essa homenagem”, argumentou.

“Posso dizer que estou cheio de felicidade por ter sido escolhido. O frevo é a minha expressão musical e já estamos no clima de festa”, afirmou o maestro, bem humorado e mostrando-se bastante disposto.

Tereza disse que acreditou ter sido vítima de um trote ao ser avisada por telefone que seria homenageada. “Achei que era muita honra para pouca marquesa. Fiquei caladinha, não disse nada a ninguém. Mas depois que Carlos Augusto Lira, que é responsável pela decoração, foi buscar os meus catálogos, comecei de fato a acreditar que era verdade. Agora, até estou achando que mereço”, disse a artista.

Ela declarou ainda que ainda não sabe como a sua obra vai ser utilizada na decoração do Carnaval, mas que já estão sendo marcadas conversas para definir isso. “Gostaria, sem dúvidas, que na decoração houvesse muito vermelho. Além disso, tenho um quadro chamado “Boi Voador” que acho a cara do Recife, uma alegoria à historia de Maurício de Nassau”, pontuou a artista.

O secretário de Cultura, Renato L., afirmou que a escolha da dupla foi bem pensada. “Nossa felicidade é grande por que acho que essa foi uma das melhores combinações de homenageados dessa gestão. No caso de Tereza, a obra dela, por ser rica em colorido, vai casar muito bem como o perfil da cenografia. Já Duda é uma presença constante no Carnaval e essa combinação vai possibilitar explorar várias facetas da festa”.

O secretário ressaltou ainda que a Prefeitura busca fazer homenagens ainda em vida. “É uma preocupação nossa que as pessoas estejam ainda ‘na ativa’, participando da festa”. Renato acrescentou ainda que a antecedência do aviso ajuda a facilitar a captação de patrocínio, a estabelecer o clima carnavalesco e ainda dá possibilidade aos profissionais que fazem a decoração para criar as peças com mais tempo.

Saiba mais

Tereza da Costa Rêgo

Originária de uma família tradicional pernambucana, Tereza da Costa Rêgo recebeu uma educação tradicional. Começou a pintar ainda criança e ingressou na Escola de Belas Artes aos 15 anos de idade. Nos anos seguintes, dedicou-se à arte e recebeu três prêmios do Museu do Estado e outra da Sociedade de Arte Moderna. Casou-se e teve duas filhas. Sua primeira grande exposição foi em 1962, ano em que conheceu Diógenes Arruda, dirigente do Partido Comunista, que tornou-se seu companheiro. Por motivos políticos, viveram na clandestinidade até 1969, quando o companheiro foi preso. Em 1972, o casal foi exilado no Chile, e depois, passou mais seis anos na França. Fez doutorado em História na Universidade de Sorbonne. Em 1979, voltou ao Brasil, mesmo ano em que faleceu seu companheiro. Hoje ela é considerada uma das maiores muralistas e pintoras brasileiras.

José Ursino da Silva, o Maestro Duda

Nasceu em Goiana, na Zona da Mata Norte de Pernambuco. Começou a estudar música aos oito anos de idade. Aos dez anos já era integrante da banda Saboeira. Nessa época, escreveu sua primeira composição, o frevo Furacão. Aos 15 anos integrou a Jazz Band Acadêmica e a Orquestra Paraguari. Tocou oboé na Orquestra do Recife. Na década de 60 musicou várias peças e realizou trabalhos importantes. Na década de 70 tornou-se professor do Conservatório Pernambucano de Música. Em 1971, foi primeiro lugar no Festival de Frevo promovido pela Rede Tupi com a composição “Quinho”. Foi escolhido pelo Projeto “Memória Brasileira, da Secretaria de Cultura de São Paulo, como um dos 12 melhores arranjadores do século.

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