CASO SERRAMBI: Resumo do segundo dia de julgamento

Do JC Online

Foto: JC Imagem
A movimentação na frente do Fórum de Ipojuca foi menor do que no primeiro dia

O último depoimento do segundo dia do julgamento do Caso Serrambi foi comemorado pelos advogados dos irmãos kombeiros. A perita Leila Gouveia Gomes Câmara, que participou do primeiro inquérito conduzido pelo Grupo de Operações Especiais (GOE), em 2003, mostrou apenas que existem semelhanças entre o material encontrado na kombi dos Lira e aqueles colhidos no local do crime. Essa tem sido a principal falha apontada, desde o início, pelo então promotor de Ipojuca Miguel Sales e a defesa dos irmãos.

O depoimento de Leila Gouveia foi um dos mais longos e exaustivos por requerer análises muito técnicas. A perita do Instituto de Criminalística de Pernambuco (IC), com atuação na área desde 1983, começou a falar às 17h10 desta terça-feira. A magistrada só suspendeu a sessão às 18h40. Leila foi responsável pela perícia de materiais como roupas das adolescentes, fios de nailón e de cabelo.

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Em todo o momento, Leila Gouveia fez questão de frisar que a perícia apresenta semelhanças. Como já havia sido apresentado nos inquéritos, Leila Gouveia explicou que existiam dois orifícios na parte frontal, na altura do ventre do vestido usado por Tarsila Gusmão, o que indica que a adolescente levou dois tiros. Na parte de trás do tecido, foi encontrado um corte que pode ter sido provocado por instrumento cortante. A explicação foi usada pelo promotor Ricardo Lapenda para mostrar aos jurados que tal corte pode ter sido causado pela parte metálica que fica embaixo do banco da kombi, já que o veículo estava sem assentos. Ricardo mostrou uma foto, mas a perita disse que não poderia afirmar porque teria que obter outras informações como a altura do banco e da vítima.

Contraditoriamente, um dos momentos mais comemorados pela defesa veio a partir de um questionamento do promotor Salomão Abdo Aziz. Ele perguntou à perita porque havia divergência nas datas da perícia. Quando constatou o fato, Leila disse que deveria ter existido um erro na hora de escrever a data. O promotor Ricardo Lapenda explicou que isso era comum e não comprometia em nada a veracidade das informações.

ANTÔNIO DOURADO FALA SOBRE O SEGUNDO DIA DO JULGAMENTO

Em todo o momento, a defesa insistiu na questão da semelhança. Jorge Wellington perguntou: "Semelhança é parecido?". A perita responde: "Semelhança é semelhança. De forma alguma posso afirmar que são da mesma pessoa". Leila se referia aos dois fios de cabelo recolhidos no veículo de Marcelo que foram comparados com outros recolhidos em uma escova de Maria Eduarda. A perita explicou que não foi possível comparar os fios encontrados na kombi com os de Maria Eduarda porque só é possível fazer análise de DNA através do bulbo capilar e, como o corpo estava em avançado estado de decomposição, não foi possível fazer a análise.

A respeito das insinuações de Jorge Wellington de que os materiais enviados para análise da perita não teriam sido, de fato, encontrados no canavial, o promotor Ricardo Lapenda levantou se poderia existir essa dúvida. Leila disse que não acreditava na hipótese. "Se não, não estaria nesta instituição (IC)", destacou.

Um dos momentos mais constrangedores da noite aconteceu quando o assistente de acusação, o advogado Bruno Santos, perguntou à perita se ela acreditava na culpa dos kombeiros. A juíza imediatamente indeferiu e até Jorge Wellington chegou a tirar o microfone do advogado.

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TERCEIRO DIA - O promotor Ricardo Lapenda (foto acima) falou sobre as provas comprometedoras, consideradas bombásticas, contra o promotor aposentado Miguel Sales. Segundo Lapenda, ligações autorizadas pela Justiça mostram a ligação de Miguel com os réus. "O comprometimento com os acusados prejudicou as investigações e a opinião pública", afirmou.

Mais quatro peritos serão ouvidos nesta quarta-feira (1º). Os trabalhos devem ser reiniciados às 9h. O dia também deve ser reservado para os debates entre a promotoria e a defesa. Essa deve ser a parte mais extensa do julgamento. Os dois lados já manifestaram a intenção de utilizar recursos técnicos como gravações de áudio e vídeo para comprovar suas teses.

Após os promotores e advogados encerrarem os debates, o Conselho de Sentença se reunirá para dar o veredicto. Cabe, por fim, à juíza Andréa Calado estabelecer a sentença, em caso de condenação ou determinar a soltura dos acusados se eles forem considerados inocentes.

Postada por Gabriel Diniz

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