PASSEATA DA PM NÃO DEU EM NADA


Não deu em nada a passeata pela Avenida Conde da Boa Vista, a vigília em frente ao Palácio do Campo das Princesas e a mesa de negociação entre governo do Estado e líderes de associações que representam policiais militares na noite desta segunda-feira (29). Em represália, os servidores adotaram duas medidas que, juntas, representam a redução de 60% no número de policiais militares nas ruas de Pernambuco. Os PMs, que receberam do governo proposta de reajuste de 10% no salário base e diversos percentuais em gratificações, querem um reajuste igual ao concedido a policiais civis, de 40% no salário base.

De acordo com o presidente da Associação de Militares do Estado, capitão Vlademir Assis, policiais motoristas que não têm um curso obrigatório para quem conduz veículos de emergência serão orientados a não ir para a rua. A recomendação será dada também a todos os militares que não tiverem colete a prova de balas ou que têm o equipamento de proteção fora de condições de uso. Amanhã, às 14h, os servidores farão ato em frente à Assembleia Legislativa, que aprovou hoje, em primeira instância a proposta do governo.

O governo do Estado não quis gravar entrevista no Palácio do Campo das Princesas. Informou que se pronunciará por nota oficial.


As manifestações começaram no início da tarde de hoje. Dezenas que logo viraram centenas de policiais militares reuniram-se na praça em frente ao Memorial de Medicina, no Derby. O comandante da Polícia Militar, coronel José Lopes, chegou a discursar. Disse que era a favor da isonomia de salários, mas pediu que os subordinados dessem um “voto de confiança” ao governador Eduardo Campos, que teria se prontificado a discutir novamente o assunto em novembro, após as eleições.

Entre 600 e 700 servidores saíram em passeata com trio elétrico pela Avenida Conde da Boa Vista. Em alguns momentos, pediam a cabeça do secretário de Defesa Social, Servilho Paiva. “Fora, Servilho!”, gritavam. Toda a faixa sentido Derby-Boa Vista foi ocupada. O congestionamento refletiu na Avenida Agamenon Magalhães, no final da tarde e início da noite, horário em que muitas pessoas estão saindo do trabalho.

Ao chegar no Palácio do Campo das Princesas, os manifestantes foram barrados por uma grade. Seguranças do governo, num primeiro momento, impediram até mesmo os jornalistas de ir para a área depois da barreira, onde poderiam trabalhar sem aperto.

Uma comissão de dez representantes de associações de PMs foi recebida pelo secretário de Articulação, Ranilson Ramos, e pelo secretário de Administração, Paulo Câmara.

Os servidores tentaram negociar uma proposta diferente da apresentada no Diário Oficial desta segunda-feira, pela qual o reajuste no salário base seria de 10%. Um reajuste maior - entre 107,88% para coronéis e 264,85% para soldados - seria dado em gratificações. Os policiais militares, no entanto, querem aumento percentual no soldo, pois quando entram de licença ou aposentam-se, não têm direito às gratificações. Para os PMs, o governo faria justiça se desse a eles um aumento salarial de 40%, assim como foi concedido aos policiais civis.

RACHA - Toda a movimentação realizada hoje chamou a atenção para um ponto relevante: a fragmentação da categoria. Praticamente todas as associações estão agindo em conjunto, com a exceção da Associação de Cabos de Soldados, para quem a assembleia realizada hoje quis “chamar a atenção politicamente”.

Por Daniel Guedes
Foto: Robert Fabisak

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