
“Quem falava com as prostitutas e travestis era o próprio Pablo. Ferdi (como Savino chama Ferdinando) parecia um robô nos últimos meses e, muitas vezes, era com o carro dele que o garoto levava os brasileiros para se prostituir em Ravenna, a uns 30 quilômetros de Rimini”. As viagens feitas pelo serviço de autista de Pablo Tonelli, segundo Pasquini, partiam de um bar que serve de ponto de encontro do círculo de prostitutas, travestis e transsexuais locais, chamado Café Mirage. “O estabelecimento fica situado na província de Coriano, a poucas centenas de metros do Varisco, uma área de movimentação sexual pesada, onde todas as noites, há mais de 20 anos, tomam conta as prostitutas e travestis”, descreveu Pasquini.
O assunto não é muito comentado em Rimini. “As pessoas aqui não querem falar muito. De qualquer forma, entre os frequentadores do bar onde há travestis brasileiros, é fácil perceber que muitos deram dinheiro a Pablo, que conseguia autorização de residência no país para eles”, disse Savino. Tal negócio, inclusive, já teria a participação de Ferdinando Tonelli. “Quando ele dissolveu a sociedade com o marido de minha irmã e outros parceiros, abriu uma empresa com Pablo. O brasileiro prometia autorizações de residência para que homossexuais brasileiros pudessem trabalhar na Itália em troca de cinco mil dólares. Muitas pessoas se queixavam de dinheiro perdido”, acrescentou o empresário italiano.
A atividade que seria exercida por Pablo é mais vulgarizada do que se possa imaginar. Em 2009, o produtor musical baiano Helton Pimenta, 30, esteve em Milão, na Itália, entre os meses de abril e julho. O soteropolitano havia ido encontrar sua então noiva e aproveitava para conhecer o lugar. Hospedado numa casa dividida por brasileiros, entre os quais três deles autistas, durante o tempo em que não encontrou trabalho por falta de visto adequado, a oferta lhe foi feita.
Por PRISCILLA AGUIAR e SÍLVIA LEITÃO