PABLO TONELLI ERA MOTORISTA DE TRAVECOS NA ITÁLIA


Uma resposta em meio a tantas perguntas em aberto: autista (chofer, em italiano). Este seria o nome do trabalho exercido por Pablo Richardson Tonelli, 22, na cidade de Rimini, região ao Norte da Itália. Trata-se de um tipo de motorista de travestis, com a função de levá-los nas idas e vindas dos seus programas. Uma tarefa considerada bastante arriscada, feita em troca de uma remuneração generosa, que o pernambucano realizava com o carro de Ferdinando Tonelli, 44. A informação foi obtida pela Folha de Pernambuco, em entrevista com o empresário italiano Savino Pasquini, 41, escancarando lados cada vez mais obscuros dessa trama que mais parece um thriller policial. Pablo e Ferdinando são os principais suspeitos da morte da alemã Jennifer Marion Nadja Kloker, 22, assassinada na noite de 16 de fevereiro, às margens da BR-408, na Região Metropolitana do Recife (RMR).

“Quem falava com as prostitutas e travestis era o próprio Pablo. Ferdi (como Savino chama Ferdinando) parecia um robô nos últimos meses e, muitas vezes, era com o carro dele que o garoto levava os brasileiros para se prostituir em Ravenna, a uns 30 quilômetros de Rimini”. As viagens feitas pelo serviço de autista de Pablo Tonelli, segundo Pasquini, partiam de um bar que serve de ponto de encontro do círculo de prostitutas, travestis e transsexuais locais, chamado Café Mirage. “O estabelecimento fica situado na província de Coriano, a poucas centenas de metros do Varisco, uma área de movimentação sexual pesada, onde todas as noites, há mais de 20 anos, tomam conta as prostitutas e travestis”, descreveu Pasquini.

O assunto não é muito comentado em Rimini. “As pessoas aqui não querem falar muito. De qualquer forma, entre os frequentadores do bar onde há travestis brasileiros, é fácil perceber que muitos deram dinheiro a Pablo, que conseguia autorização de residência no país para eles”, disse Savino. Tal negócio, inclusive, já teria a participação de Ferdinando Tonelli. “Quando ele dissolveu a sociedade com o marido de minha irmã e outros parceiros, abriu uma empresa com Pablo. O brasileiro prometia autorizações de residência para que homossexuais brasileiros pudessem trabalhar na Itália em troca de cinco mil dólares. Muitas pessoas se queixavam de dinheiro perdido”, acrescentou o empresário italiano.

A atividade que seria exercida por Pablo é mais vulgarizada do que se possa imaginar. Em 2009, o produtor musical baiano Helton Pimenta, 30, esteve em Milão, na Itália, entre os meses de abril e julho. O soteropolitano havia ido encontrar sua então noiva e aproveitava para conhecer o lugar. Hospedado numa casa dividida por brasileiros, entre os quais três deles autistas, durante o tempo em que não encontrou trabalho por falta de visto adequado, a oferta lhe foi feita.

“Um casal de Curitiba que estava por lá há dois anos e queria juntar certa quantia para visitar o filho no Brasil no fim do ano, chamou-me para dirigir para três travestis para outras cidades para fazerem seus programas. Uma espécie de cafetão, pagavam entre 200 e 300 euros por viagem feita. A polícia italiana está em cima dos autistas, pois a atividade é ilegal e perigosa. Não aceitei, é claro, mas, fui chamado de idiota porque poderia ganhar muito dinheiro”, contou Helton.

Por PRISCILLA AGUIAR e SÍLVIA LEITÃO

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