MÉDICO INDICIADO POR HOMICÍDIO


Em pouco mais de um mês de investigações, o traumato-ortopedista Homero Rodrigues Silva Neto, de 39 anos, foi indiciado por homicídio culposo (sem intenção de matar) e por porte ilegal de drogas pelo delegado titular do Varadouro, Erivaldo Guerra. O médico estava envolvido no acidente que culminou na morte da ambientalista Ludmila Mirelle Inácio da Silva, de 27 anos, na madrugada do dia 2 de fevereiro. O casal estava no carro de Homero, quando, devido à alta velocidade, houve perda do controle da direção, fazendo com que o veículo capotasse por diversas vezes. A ambientalista morreu na hora, Homero chegou a ficar internado por cerca de 15 dias. O inquérito foi concluído e apresentado, ontem. O relatório será enviado para o Ministério Público de Pernambuco (MPPE), onde será analisado e, consequentemente, o indiciado será denunciado ou não à Justiça.

“Considerei homicídio culposo porque os dois estavam alcoolizados durante o incidente. Se ele estivesse conduzindo o veículo, estaria errado. Se ele entregou a chave do seu veículo para uma pessoa que também estava alcoolizada, ele também é responsável”, alegou Erivaldo. O homicídio culposo está enquadrado no artigo 302, do Código de Trânsito Brasileiro, com punição prevista de dois a quatro anos de reclusão, podendo resultar em penas alternativas. Os exames realizados no corpo da vítima constataram 2,27 gramas de etanol por litro de sangue. O valor é considerado alto, pois 0,8 grama de etanol por litro de sangue é resultado de quatro doses de uísque em uma hora.

Quanto à droga encontrada dentro do carro, um saco com 23 gramas de cocaína, não há como comprovar que o entorpecente era para consumo de Homero, mas só por estar transportando a substância, o médico poderá receber uma advertência respondendo ao artigo 28, da Lei 11.343/06. A defesa de Homero, representada pelo advogado Luiz Cláudio Farina Ventrilho, deve contestar a decisão da Polícia Civil. “Não existe nenhuma base legal para indiciá-lo por homicídio culposo. Ele não colaborou em nada para este acidente, ele estava dormindo. Também contestaremos a questão do porte de drogas. A área do acidente não foi devidamente isolada, não tem como afirmar que a substância estava dentro do veículo”, informou Ventrilho. Para realizar este procedimento, a defesa deve esperar o parecer do MPPE.

Processo

Para chegar ao resultado obtido, o delegado Erivaldo levou em consideração os dez depoimentos ouvidos, além da perícia do Instituto de Criminalística (IC). Com Ludmila e Homero havia uma terceira pessoa instantes antes do acidente. Luiz Adolpho Alves de Araújo, também conhecido como Dodô, conheceu o casal naquela noite. Os três permaneceram juntos em um bar na orla de Olinda. Em seu depoimento à Polícia Civil, Dodô afirmou que pegou carona até sua casa, nos Aflitos, com o casal no carro de Homero e que era o próprio médico quem conduzia o veículo. “É claro que houver divergências entre os depoimentos. Homero afirmou que Ludmila estava dirigindo o carro o tempo todo, tanto durante o acidente quanto no percurso até a casa de Dodô”, contou o delegado. E foram as perícias que não comprovaram o depoimento do médico. O laudo afirma que quem conduzia o veículo durante o acidente era Ludmila. “Não posso discordar da perícia. foi por meio dos indícios que chegamos a este resultado”, concluiu.

O veículo seguia com uma velocidade média em torno dos 100 quilômetros por hora. Os peritos criminalistas constataram que Ludmila Mirelle Inácio da Silva não estava com o cinto de segurança durante o ocorrido e que, com o forte impacto, foi arremessada para fora do carro no momento em que este era arrastado em um banco de cimento que existe dentro do Espaço Ciência. Foi neste instante que a jovem teve a cabeça decepada. O fato de Homero ter grande massa corpórea também foi favorável para os poucos danos, além do uso essencial do cinto de segurança. O médico saiu vivo do local com ferimentos na coluna cervical. Foi levado para um hospital particular do Recife, onde ficou internado e recebeu alta sem nenhuma sequela.

Por Bárbara Franco

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