CRIME DO MOTEL: DEPOIMENTOS INDICAM SUICÍDIO


Cinco páginas em 1h30 de depoimento para cada uma das acusadas de envolvimento na morte da estudante de enfermagem Ionara Félix do Nascimento, 22, presas na Colônia Penal Feminina do Recife, no Engenho do Meio. Os delegados responsáveis pela investigação, Gleide Ângelo e Alfredo Jorge, estiveram ontem para colher ouvida detalhada de Talitha Sodré, 24, e Dinah Souza, 25, indiciadas por ocultação de cadáver. Em depoimento, segundo Gleide Ângelo, Dinah disse que o resíduo de chumbo encontrado na sua mão direita teria sido por conta do manuseio do brinco de Ionara.

“Mas somente a confrontação dos depoimentos com os laudos dos institutos de Medicina Legal e de Criminalística vão confirmar o que realmente aconteceu naquela noite, se homicídio ou suicídio”, declarou. Os laudos chegariam ao DHPP, ontem, e o inquérito deve ser concluído nesta segunda-feira, prazo máximo para o caso, e encaminhado para a Justiça.

O relato de Thalita revela que ela foi “coagida e pressionada” pelo policial militar e primo da vítima, João Bosco Júnior, 29, a limpar o sangue debaixo do corpo, segundo disse um dos advogados dela, Marco Aurélio Freire. “Eram jovens, e um deles é policial, um rapaz bem mais experiente. Inclusive elas correram assustadas quando viram Ionara caída e só na volta tudo isso (ocultação) aconteceu. Não houve nenhuma vontade em mexer na cena do crime ou conduzir o cadáver. Houve uma proposta, que foi negada por duas vezes, só depois ela foi pressionada a limpar o sangue”, argumentou. O delegado Alfredo Jorge confirma a versão a partir do depoimento das jovens. “Elas disseram que foram ameaçadas na forma como ele falava que teria que fazer aquilo, que teria que tirar o corpo do local e que já estava amanhecendo”, afirmou.

Ionara foi encontrada morta com um tiro na cabeça e despida no porta-malas do carro do PM. Segundo Gleide, todos os quatro confirmaram a versão de suicídio e não houve contradição entre as ouvidas das meninas e os de João Bosco, preso por ocultação de cadáver e porte ilegal de arma no Centro de Reeducação da PM (Creed) e do garçom Jeimison Silvestre, 28, recolhido ao Centro de Triagem de Abreu e Lima, também por ocultação de cadáver.

Caso sejam confirmadas as acusações, eles podem pegar uma pena por ocultação de cadáver, segundo o artigo 211 do Código Penal, de um a três anos, e, no caso do PM, por porte ilegal de arma, seriam mais dois a quatro anos.

Por Carol Albuquerque
Foto: Orkut da vítima

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