STRESS NO TRABALHO: BOMBA RELÓGIO

Uma hora você explode.

Duas noticias publicadas na semana passada, desdobramentos de fatos ocorridos recentemente, dão a dimensão que o stress no trabalho vem ganhando na vida das pessoas. A primeira notícia vem de New Haven, no estado americano de Connecticut. Lá fica a prestigiosa Universidade de Yale, a terceira instituição de ensino superior mais antiga dos Estados Unidos. Passaram pelos bancos de Yale, tendo se formado pela instituição, diversos laureados pelo Prêmio Nobel e os dois últimos presidentes, Bill Clinton e George W. Bush.

O nome da universidade voltou a ocupar as manchetes por causa da morte por estrangulamento, no dia 8 de setembro, da estudante Annie M. Le, de 24 anos (ver link para a matéria no New York Times). O corpo de Annie foi encontrado em um canto escondido no laboratório de tecnologia da universidade, no domingo (13), quase uma semana após sua morte. Na quinta-feira passada, o técnico de laboratório Raymond Clark, 24, compareceu à corte judicial de New Haven, onde foi acusado formalmente pelo assassinato da estudante.

O mais curioso, no entanto, foi a interpretação e posterior declaração à imprensa do delegado chefe, James Lewis, que cuida do caso. Lewis disse: “É importante observar que este caso não se trata de um crime urbano, nem de um crime universitário ou doméstico, mas é uma questão de violência no trabalho, que está se tornando uma preocupação crescente no país”.

Também na semana passada, Didier Lombard, o executivo chefe da France Télécom, a maior telefônica da França, foi chamado ao gabinete do ministro do trabalho Xavier Darcos para explicar porque 23 funcionários da empresa cometeram suicídio nos últimos 18 meses. O último corpo encontrado na France Télécom foi o do funcionário Michel Deparis, de 53 anos, no dia 14 de julho – há dois meses. Ao lado do corpo havia um bilhete em que Michel afirmava que a razão para o ato suicida se devia ao seu empregador.

Reportagem publicada no dia 18/9 pelo jornal inglês Financial Times (ver link abaixo) diz que há dois anos o sindicato dos empregados da France Télécom vem reclamando dos níveis intoleráveis de stress a que são submetidos os funcionários da empresa. Na França, assim como nos Estados Unidos, o suicídio de profissionais é uma questão que gera preocupação crescente nas autoridades – daí o executivo Didier Lombard ter ido dar explicação ao ministro do trabalho.
Há dois anos, o presidente da montadora Renault-Nissan, o brasileiro Carlos Ghosn, criou uma comissão para avaliar as causas de três suicídios ocorridos no espaço de quatro meses na montadora.

Os incidentes se deram, segundo a empresa reconheceu posteriormente, pelo clima de tensão no ambiente de trabalho – produzir mais, com mais qualidade e a custos mais baixos. Tudo isso para dizer que hoje em dia é preciso se relacionar com o trabalho de forma mais saudável. No extremo, os desequilíbrios levam à morte ou atitudes desequilibradas como a do técnico suspeito de ter matado a estudante Annie M. Le. Os casos mais corriqueiros, no entanto, são de depressão, síndrome do pânico e infarto decorrentes do excesso de trabalho e pressão no dia-a-dia. Há diversas formas de desopilar. Encontre um espaço na sua agenda e comece já.

Por José Eduardo Costa, Editor da Revista Você S.A.

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