A ECONOMIA POLÍTICA DAS TEORIAS ECONÔMICAS SOBRE AS DESIGUALDADES


A tradicional teoria econômica considera que a desigualdade é gerada por diferenciais de produtividade que, no caso dos trabalhadores, são criadas por distintos graus de investimento em capital humano. Tal diagnóstico implica em um receituário que enfatiza o papel da democratização do capital humano como foram de reduzir a desigualdade. Além disso, tal visão tem importantes implicações do ponto de vista da economia política: os mercados de trabalho capitalistas ou o capitalismo não são os responsáveis pela desigualdade, mas pelo contrário, os mesmos são justos ao remunerarem os trabalhadores ou os fatores de produção de acordo com sua produtividade (marginal).


Argumento, então, que tanto o diagnóstico quanto o receituário apresentam importantes limitações tendo em vista que o mercado de trabalho sofreu profundas transformações desde o começo do capitalismo até o momento atual, sendo possível compará-lo atualmente a uma loteria, na qual os trabalhadores passaram a competir entre si por ascensão profissional. Os bilhetes dessa loteria são os investimentos em capital humano.


Nela haverá, necessariamente, vencedores e perdedores, com os primeiros apropriando-se de parte do trabalho dos últimos. Dessa realidade, surge uma nova forma de exploração do trabalho, cujo instrumento de legitimação é o capital humano, que reforça a tendência inerente do capitalismo de geração de desigualdade. O crescimento também tem limitações na redução da desigualdade, tendo em vista que a motivação microeconômica que gera o crescimento macroeconômico é justamente a busca auto-interessada pela desigualdade.


Dentro desta nova visão, a desigualdade passa a ser um resultado inerente do funcionamento dos mercados de trabalho capitalistas ou do capitalismo, que não necessariamente será reduzido pelo desenvolvimento do mesmo. O novo referencial tem importantes implicações do ponto de vista da economia política e de receituário de política pública.

Texto: ROGERIO NAGAMINE COSTANZI

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