COMO ANDA SEU SALÁRIO?


A crise mundial deflagrada em setembro do ano passado teve seu lado positivo. Ela equilibrou algumas distorções no mercado de trabalho e trouxe para a realidade salários que até pouco tempo estavam hiperinflacionados. Essa adequação, entretanto, não significou desaquecimento total. “Há uma sensação de que sobram profi ssionais qualifi cados no mercado, mas isso não é verdade”, diz Fernando Mantovani, diretor da Robert Half, empresa de recrutamento executivo com escritórios em São Paulo e no Rio de Janeiro.


Ele acredita que muitas empresas aproveitaram o momento econômico turbulento para colocar ordem na casa, reavaliando a remuneração de seus funcionários e, em vários casos, promovendo substituições. No final das contas, o bom profissional é o grande beneficiado. Muita gente que tinha performance mediana e salários astronômicos está sendo substituída por profissionais gabaritados e com salários mais compatíveis com a realidade. Nos três primeiros meses do ano, houve retração de ofertas de emprego. Desde abril, no entanto, alguns setores retomaram a busca por talentos. Os engenheiros continuam disputadíssimos nos segmentos de óleo e gás e construção civil.


Em seguros, outra área que só vem expandindo, eles também são benvindos para preencher cargos técnicos. Dentro das corporações, os profissionais de finanças tornaram-se ainda mais essenciais. Como consequência, muitos cargos foram valorizados e o salário médio do gerente de planejamento financeiro, por exemplo, saltou 42% em relação ao ano passado. A área comercial foi outra que ganhou os holofotes. Em momentos conturbados, as empresas querem vender. Porém, sem grandes custos por unidade vendida. Esse é um dos fatores que explicam um pouco da perda de prestígio do departamento de marketing — o orçamento ficou mais enxuto. Há novos desafios, no entanto.


A crise acelerou a preocupação com temas de meio ambiente e sustentabilidade. Outra mudança que ela trouxe foi que, agora, conseguir aumento mudando de emprego requer mais negociação. “No ano passado, chegamos a fazer transição em que a proposta era até 80% superior ao que o profissional ganhava”, diz Fernando. Propostas que ofereciam 20% de aumento muitas vezes nem eram consideradas.


Com a desaceleração da economia e com os ânimos corporativos menos inflamados, mudanças com aumento de 30% voltaram a ser consideradas excelentes. Mais do que antes, o profissional precisa demonstrar capacidade de tomar decisões acertadas em pouco tempo, foco em resultados, flexibilidade e profundo conhecimento do mercado em que a empresa atua.“Antes, apenas o gerente entrevistava o candidato a cargo de coordenação”, diz Miguel Monzu, diretor de recursos humanos da farmacêutica AstraZeneca.


“Agora, até o presidente participa”, diz. Na média, a remuneração fixa da maior parte dos profi ssionais acompanhou a inflação e os dissídios de cada categoria. A expectativa é de que os bônus, no geral, fiquem abaixo dos valores pagos em cima dos resultados de 2008. As regras possivelmente não tenham mudado, mas atingir os mesmos níveis é que ficou mais difícil.


Fonte: Você S.A. Online

Imagem: João Ferraz Você S.A.

Postar um comentário

Comente esta matéria

Postagem Anterior Próxima Postagem