Lembra o Jacozinho? Atacante que 'roubou festa' de Zico reaparece
O maior artilheiro da história do futebol alagoano defendeu as cores do CRB. Joãozinho Paulista fez 153 gols com a camisa alvirrubra e marcou época na Pajuçara. Ele ganhou o status de ídolo por causa dos títulos e das belas exibições no clássico contra o CSA.
Na década de 80, em especial, João travou duelos memoráveis com Jacozinho, o irreverente ponta que conquistou a massa do Azulão. Juntos, os atacantes são responsáveis por uma geração de torcedores em Alagoas.
Às vésperas de mais um Clássico das Multidões, os personagens ainda são reverenciados pelas duas torcidas. Encorporando o espírito do jogão, João dos Gols lembra de uma passagem marcante envolvendo os dois ídolos no Campeonato Alagoano.
- O Jacó é meu amigo, mas sempre foi provocador. No início da década de 80, ele marcou um gol no CRB e foi para a nossa torcida imitando o Dom Mingoni, um personagem famoso do Jô Soares. Nesse dia, eles ganharam por 1 a 0, mas não deixei barato e prometi que a brincadeira teria troco. No clássico seguinte, prometi o gol ´perna mole´, em resposta ao Jacozinho, e não deu outra: vencemos por 1 a 0, balancei a rede e a perna mole virou minha marca registrada – conta João.
- Fiz mais de 400 gols na carreira e, a partir desse clássico, passei a comemorar com ´a perna mole´. Era um tempo fantástico, com o Trapichão sempre cheio e sem brigas. A rivalidade era saudável – emenda.
Fiz uma homenagem a um personagem famoso do Jô Soares e até no programa dele fui festejado. Naquela época, não era fácil me parar no CSA. A gente tinha um time muito forte. Certa vez, num clássico, acho que foi em 1983, driblei tanto o lateral Melo que ele saiu atordoado do estádio e bateu o carro na esquina do Rei Pelé. Fiquei com a consciência pesada – brinca o ídolo azulino.
Joãozinho contou que o clássico mais marcante de sua carreira foi o primeiro.
- Cheguei ao CRB muito novo, em 1976, e entrei no clássico desacreditado. Mas marquei três gols na nossa vitória por 3 a 2 e caí nas graças da torcida. Nesse ano, balancei a rede do CSA em todos os clássicos e conquistamos o título – lembra o ex-jogador, que hoje, aos 56 anos, é treinador da equipe sub-17 do Galo.
Jacó também tem um jogo especial com a camisa do Azulão.
Joãozinho continua trabalhando no CRB e Jacó diz que sonha em voltar ao Mutange.
- Minha casa é em Vila Velha, no Espírito Santo, mas hoje sou empresário e também treinador de futebol, e fico um bom tempo em Salvador. Inclusive, estou levando dois jogadores agora do Espirito Santo para fazer testes no Bahia. Mas queria muito voltar ao meu CSA. Em qualquer função, queria estar dentro para poder ajudar, mas a diretoria do clube não manteve mais contato. Não sei o que houve. Fui em Maceió em 1998 e acho que seria legal fazer um trabalho de marketing nesse ano do centenário. Tenho certeza que pararia o shopping para dar autógrafos.
Jacozinho já foi coroado rei do CSA e também foi destaque na festa que marcou o retorno de Zico ao Flamengo, no dia 12 de julho de 1985. Ele entrou no segundo tempo do jogo festivo e marcou um gol com passe de Maradona.
- Onde eu vou o povo fala do CSA e do Zico, porque roubei a festa do Galinho. Pensei até que ele tivesse raiva de mim, mas há pouco tempo ele fez um evento na Bahia e me chamou para jogar. Infelizmente não pude ir, mas fiquei muito contente com a lembrança - diz Jacó, que completou 57 anos no último dia 3 de março.
Fotos: Jonathan Lins, Arquivo pessoal e Museu dos Esportes
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