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Novo teste de visão promete ajudar no diagnóstico de esquizofrenia

Imagem mostra os diferentes padrões de movimento ocular de um paciente com esquizofrenia (em vermelho) e uma pessoa saudável (em azul) 

Um novo teste de visão promete ajudar no diagnóstico de esquizofrenia. Desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Aberdeen, no Reino Unido, o exame tem como base a aferição de movimentos oculares anormais associados ao distúrbio e mostrou-se capaz de distinguir com quase total exatidão pacientes diagnosticados de pessoas saudáveis.

— Já se sabe há mais de cem anos que indivíduos com doenças psiquiátricas têm uma variedade de anormalidades nos movimentos dos olhos, mas até nosso estudo, que usa uma nova bateria de testes, ninguém achava que estas anormalidades eram evidentes o bastante para serem usadas como biomarcadores para diagnóstico — explica Philip Benson, um dos principais autores de artigo que descreve o teste publicado na edição deste mês da revista “Biological Psychiatry”.

Paciente tem déficit para acompanhar objeto

O exame é dividido em três etapas. Na primeira, os voluntários acompanharam um objeto que se movia lentamente com os olhos; movimento conhecido como perseguição suave. Na segunda, eles foram instados a observar uma série de imagens cotidianas, que os pesquisadores classificaram como “visualização livre”. Por fim, eles foram instruídos a manter o olhar fixo num ponto, em uma tarefa de fixação. No estudo, o teste conseguiu diferenciar 88 pacientes diagnosticados com esquizofrenia de outras 88 pessoas usadas como grupo de controle.

— Na perseguição suave, as pessoas com esquizofrenia têm um bem documentado déficit na capacidade de acompanhar os objetos em movimento lento com os olhos. Seus movimentos oculares tendem a se atrasar com relação ao objeto e depois o alcançam com rápidos movimentos chamados sacádicos — diz Benson. — Já na visualização livre, a maior parte dos indivíduos segue um padrão típico de olhar ao escanear a cena, enquanto os que sofrem de esquizofrenia seguem um padrão anormal, e na tarefa de fixação os esquizofrênicos têm mais dificuldade de manter o olhar fixo.

A busca por métodos objetivos para diagnóstico de distúrbios mentais, geralmente feito por meio da avaliação clínica de sintomas, tem se tornado uma obsessão em algumas áreas da psiquiatria. Recentemente, a empresa americana Ridge Diagnostics, com a colaboração de médicos do Hospital Geral de Massachusetts, divulgou os resultados preliminares dos testes de um exame de sangue que está desenvolvendo que poderia indicar se um paciente sofre de depressão severa ao medir os níveis de nove biomarcadores que estariam associados a um quadro depressivo. O estudo, publicado no periódico científico “Molecular Psychiatry”, foi recebido com ceticismo pelos especialistas, e o mesmo está acontecendo com o teste para esquizofrenia.

— O exame indica que é possível verificar se um paciente é esquizofrênico com base nos seus movimentos oculares, mas não é totalmente acurado e maduro o suficiente, pois não sabemos se outras patologias teriam alterações similares — diz o psiquiatra Rodrigo Bressan, professor e coordenador do programa de esquizofrenia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). — O teste, por exemplo, não foi aplicado em pessoas com distúrbios bipolares. Será que estas pessoas, autistas ou pacientes com outros distúrbios não teriam anomalias parecidas nos movimentos oculares? Isso limita a aplicação deste teste para diagnóstico, que continuará sendo fundamentalmente clínico.

Segundo Bressan, a procura por exames objetivos de diagnóstico para distúrbios mentais é fruto da desconfiança de algumas pessoas devido aos critérios usados nas avaliações clínicas, vistas como subjetivas.

— As pessoas confiam mais em exames objetivos, como de sangue, mas em psiquiatria este tipo de afirmativa é polêmica —conta Bressan, que no entanto também pesquisa biomarcadores que possam ser usados para o diagnóstico de depressão e esquizofrenia. — Não se pode desqualificar nem prescindir do diagnóstico clínico. Ele é a base da medicina.

Do Extra

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