Mãe denuncia que filho foi espancado na Funase

Por Anderson Bandeira

Aflição e medo com o pior que possa acontecer com o filho que cumpre medida socioeducativa na Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase) de Abreu e Lima, desde outubro do ano passado. É movido por esse sentimento e preocupada com os problemas frequentes que o filho, um adolescente de 16 anos, vem enfrentando dentro da unidade, que uma dona de casa resolveu denunciar sobre a situação do jovem.

De acordo com ela, o filho foi detido por assalto. Desde então, conforme ela, o adolescente vem sendo agredido pelos internos e agentes socioeducativos. “Comecei a saber que ele estava sofrendo agressões em janeiro deste ano. Solicitei ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE) que lhe colocassem numa ala de segurança. Falei com a coordenação da unidade e mudaram ele para diversas celas. Só que depois dos internos, as agressões passaram a ser por parte de alguns agentes”, contou.

A primeira agressão envolvendo os agentes, segundo a denunciante, ocorreu em virtude de um dos internos ter reclamado à direção da unidade de alguns problemas na ala. “Meu filho estava nu­ma cela com mais dois ‘menores’. Chegou mais um e o local ficou com quatro. Esse último não se adaptou e relatou para a coordenação os problemas que vinham acontecendo. Com isso, um agente agrediu os quatro menores”, falou a dona de casa que, desde que descobriu que o filho sofre com os ataques, tem que tomar remédio controlado para poder dormir.

A outra situação no qual o filho dela foi vítima de espancamento, conforme a dona de casa, aconteceu há cerca de duas semanas. Na ocasião, ela não soube exatamente qual o motivo para o ocorrido. Contudo, o caso foi notado durante visita ao filho. Já na última ocorrência, que motivou, inclusive, o registro de um Boletim de Ocorrência na Delegacia de Abreu e Lima, aconteceu na última quarta-feira. O garoto, segundo a mãe, ateou fogo numa marmita com a intenção de derreter um bastão de cola e colar um lençol. Por isso, conforme a genitora, o filho foi agredido novamente. “Um agente da cela dele apenas advertiu. Minutos depois um agente de outra cela veio e começou a bater nele”, relatou.

Após o caso ser denunciado na Delegacia de Abreu e Lima, o adolescente agredido foi encaminhado para realizar o exame de corpo de delito no Instituto de Medicina Legal (IML) do Recife. Agora, diante da situação, a genitora espera respostas. “Quero que ele possa cumprir a sua pena com segurança, sem sofrer essas agressões. Se ele tivesse fazendo algo de errado por lá, que lhe colocassem num lugar de castigo e não espancasse”, desabafou a mãe, que pretende acionar a Justiça para que a situação não fique impune.

O delegado de Abreu e Lima, Alberes Félix, informou que está aguardando o resultado do exame de corpo de delito para tomar as medidas cabíveis. Ainda segundo o delegado, uma vez confirmada a lesão corporal contra o jovem, um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) será lavrado contra os agentes. Já a Funase, através da assessoria de Imprensa, informou que as investigações para identificar quem são os agentes já começaram a ser realizadas. Segundo a assessoria, uma vez identificado, o agente pode ser afastado.

Foto: Marina Mahood

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