Vinte estados e DF podem resolver eleição neste domingo; Quatro estados caminham para o segundo turno

Pelo menos 85,5 milhões de eleitores brasileiros em 15 estados deverão conhecer ainda neste domingo seus novos governadores. Em outros cinco estados - Minas Gerais, Pará, Maranhão, Santa Catarina e Mato Grosso - e no Distrito Federal, que abrigam 32,1 milhões de eleitores, as últimas pesquisas de Ibope e Datafolha indicam que também cresceram as chances de decisão já no primeiro turno. Somados, os dois grupos reúnem 117,6 milhões de eleitores (86,6% do total).
Em dois estados - Rio Grande do Sul e Goiás -, a última rodada de pesquisas indicou um estreitamento na vantagem do primeiro colocado, deixando a situação completamente indefinida. Os dois concentram 12,2 milhões de eleitores (9% do total).
Assim, apenas 5,8 milhões de eleitores - 2,3% do total de 135,8 milhões - provavelmente voltarão às urnas em 31 de outubro para o segundo turno em quatro estados: Alagoas, Amapá, Piauí e Rondônia.
Candidatos que apoiam Dilma são favoritos em 14 estados
Uma marca desta eleição é o desejo de continuidade. Em 16 estados - com 102,2 milhões de eleitores, 75,3% do total - os favoritos são governadores que disputam a reeleição ou candidatos apoiados pelo governo estadual. Apenas 20,6 milhões de eleitores (15,1% do total) moram em seis estados onde a oposição local lidera.
Quando se leva em conta a eleição presidencial, candidatos que apoiam a petista Dilma Rousseff são os favoritos em 14 estados. A oposição, que apoia o tucano José Serra, lidera em sete, incluindo os dois maiores colégios eleitorais: São Paulo e Minas. O cenário é indefinido em outros seis estados: Paraná, Goiás, Alagoas, Rondônia, Amapá e Roraima.
No entanto, quando se olha o tamanho do eleitorado nos estados, a vantagem de Dilma cai. Principalmente porque São Paulo e Minas concentram um terço dos eleitores brasileiros. Somados os outros cinco estados que devem eleger governadores de oposição a Lula e Dilma, esse eleitorado sobe para 43,5% do total.
Na opinião do cientista político Malco Camargo, professor da PUC Minas, o governo local tem sempre mais influência nas eleições estaduais que o governo federal:
- A onda vermelha não é o mais importante desta eleição. O que vai predominar é a continuação do status quo regional. A hipótese de que Dilma ganharia com uma avalanche de votos, e que a oposição sairia completamente enfraquecida, não está sendo confirmada pelas últimas pesquisas.
No caso de Minas, ele destaca que o voto Dilmasia - Dilma Rousseff (PT) para presidente e Antônio Anastasia (PSDB) para governador - sintetiza o desejo de continuísmo, tanto no plano estadual quanto no federal.
- O voto Dilmasia não foi uma escolha das elites políticas, mas fruto da escolha do eleitor pela continuidade.
Para o Senado, 38 candidatos aparecem como favoritos para ocupar parte das 54 cadeiras em disputa, segundo os últimos levantamentos de Ibope e Datafolha. Somando-se esses 38 candidatos aos 27 senadores que têm mandato por mais quatro anos, fica claro que os partidos da base governista estão em vantagem. O PMDB deve ficar com pelo menos 13 senadores (excluindo-se os dissidentes do partido), a mesma quantidade do PT.
Senadores de oposição ou de postura independente - como Cristovam Buarque (PDT-DF) e Ana Amélia Lemos (PP-RS) - devem obter pelo menos 21 das vagas, contra 44 de partidos governistas.
Para as outras 16 vagas, as pesquisas apontam empate técnico. Em alguns estados, inclusive, não é possível determinar sequer um favorito. É o caso da Bahia, onde o Datafolha, em pesquisa da última quinta-feira, mostrou três candidatos empatados: César Borges (PR), Lídice da Mata (PSB) e Walter Pinheiro (PT).
Em outros estados, a disputa embolou. No Ceará, onde a reeleição de Tasso Jereissati (PSDB) era tida como certa, os adversários Eunício Oliveira (PMDB) e José Pimentel (PT) vêm encostando. Segundo a última pesquisa do Ibope, de anteontem, Tasso ainda seria eleito com 50% dos votos, mas está empatado tecnicamente com Eunício, que tem 47%, e já vê no retrovisor Pimentel, com 42%.
Em alguns estados com empate técnico, entretanto, é possível estabelecer tendências. É o caso do Amazonas, onde, de acordo com o Ibope, Vanessa Graziotin (PCdoB) passou de 29% em agosto para 39% no mês seguinte, e Arthur Virgílio (PSDB) caiu de 51% para 34%.
O presidente Lula já disse que deseja entregar para Dilma um Senado menos oposicionista. Em seu governo, a Casa deu a ele algumas dores de cabeça, como a não prorrogação da CPMF, em 2007.
Para o cientista político João Paulo Peixoto, da Universidade de Brasília, o encolhimento da oposição se deve, em parte, ao peso de Lula. Mas o professor relativizou sua importância.
- Por que o DEM e o PSDB, principalmente, murcharam nesses oito anos? Podemos atribuir o fato àquela característica da política brasileira, que não é positiva, de que os políticos não sabem viver na oposição - diz Peixoto.
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