Postagem: Gabriel Diniz
O ‘Fiscogate’ deu à luz um filhote. Surgiu na Receita Federal uma zebra de segunda geração. Tentou-se legalizar o crime das violações ilegais com outro delito: procurações retroativas.
Convidado a assinar uma autorização de fancaria, um contribuinte deu queixa à Polícia Civil, em São Paulo. Ao inacreditável somou-se o inimaginável.
Deu-se o seguinte:
1. Edson Pedro dos Santos, brasileiro, aposentado, contribuinte da Receita Federal, foi procurado, em casa, na noite de segunda (6), por José Carlos Cano Larios.
2. José Cano, contador, é marido de Ana Maria Caroto Cano, servidora pública lotada na agência da Receita em Mauá (SP).
3. Na conversa com Edson, o senhor Cano sugeriu ao contribuinte que assinasse uma autorização de acesso aos seus dados fiscais.
4. A coisa pareceu estranha. A começar da data do documento: 5 de setembro de 2009.
5. A peça destinava-se a converter em acesso autorizado um ataque já realizado aos dados fiscais de Edson. Coisa feita na máquina da senhora Cano.
6. Ao pressentir que corria o risco de entrar pelo cano, o contribuinte Edson foi queixar-se à Polícia Civil de São Paulo.
7. A polícia deu uma batida no escritório do senhor Cano, localizado na mesma cidade de Mauá onde está assentado o ninho de violações do fisco.
8. Mexe daqui, remexe dali os policiais encontraram 23 documentos semelhantes ao que havia sido apresentado a Edson.
9. Em cada folha um nome diferente. Em todas elas a mesma mágica da autorização com data retroativa.
10. O casal cano foi à garra. Depois de detidos, foram inquiridos. Espreme daqui, aperta dali a senhora Cano borrifou gasolina nas labaredas.
11. Ela disse que corre na Corregedoria da Receita um procedimento administrativo para esquadrinhar as violações de Mauá. Até aí, coisa já sabida.
12. Súbito, a senhora Cano informou que recebera ordens da própria Corregedoria do fisco para apagar vestígios das violações.
13. Contou que, na máquina dela, foram feitos 31 ataques. E afirmou que foi orientada a procurarar as vítimas, obtendo delas as autorizações retroativas.
14. Depois de ouvidos, o senhor e a senhora Cano foram liberados. A Polícia civil encaminhou o papelório que recolheu à Polícia Federal.
15. Acomodado em posição constrangedora, o corregedor-geral da Receita, Antônio Carlos Costa D'Ávila Carvalho, negou que tenha ordenado a maquiagem do crime.
Para D’Ávila, a senhora Cano, sob investigação da corregedoria, tenta “desqualificar” o trabalho do órgão. Conseguiu.
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