O impacto mundial da doença de Alzheimer

Artigo // Por Alexandre de Mattos, geriatra *

alexmtt@terra.com.br

O ano de 2010 deve fechar com mais de um milhão de portadores de Alzheimer e com mais de 35 milhões de pessoas em todo o mundo com esse tipo de demência, segundo o Relatório Mundial de 2009 da Alzheimer’s Disease International (ADI).

Trata-se de um aumento de 10% sobre a prevalência da demência global relatada na revista The Lancet, em 2005. Segundo o novo documento, a prevalência de demência vai quase duplicar a cada 20 anos. Serão 65,7 milhões de casos da enfermidade em 2030 e 115,4 milhões em 2050.

Segundo os pesquisadores, o aumento na prevalência da demência global foi impulsionado principalmente pelos novos dados provenientes de países de renda baixa e média. Os especialistas constataram que, neste ano de 2010, 57,7% das pessoas com demência vivem em países de baixa e média renda. E em 2050, esse percentual chegará a 70,5%.

Além disso, os aumentos proporcionais no número de pessoas com demência ao longo dos próximos 20 anos serão mais acentuados em países de baixa e média renda, em comparação com os países de alta renda.

As informações contidas no 2009 World Alzheimer’s Report (Relatório Mundial sobre a Doença de Alzheimer – 2009) deixam claro que a crise da demência não pode ser ignorada. Afinal, se não controlada, essa enfermidade vai impor enormes encargos sobre os indivíduos, as famílias, a infraestrutura da saúde e a economia global.

Há esperança se agirmos na melhoria e no financiamento de cuidados e serviços da demência. Além disso, é preciso aumentarmos o investimento em pesquisas. Austrália, França, Coréia e Reino Unido têm desenvolvido planos de ações nacionais sobre doença de Alzheimer e, atualmente, vários outros países estão com projetos em desenvolvimento.

Vale reforçar ainda que a demência tem impacto físico, psicológico e econômico não só sobre a pessoa com a patologia. Sofrem também o cuidador, os membros da família e os amigos. Por exemplo: estatísticas citadas no novo relatório sugerem que de 40% a 75% dos cuidadores desenvolvem doença psicológica grave como resultado de seus cuidados e entre 15% e 32% têm algum grau de depressão.

Precisamos, desde já, alertar a sociedade e os governantes sobre essa pandemia.

* Alexandre de Mattos é presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia/Regional Pernambuco (SBGG/PE), professor e preceptor de geriatria e clínica médica da Universidade de Pernambuco (UPE)

Postagem: Gabriel Diniz

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